Continua após publicidade

Dia a dia com atividades divertidas ajuda a evitar depressão infantil

Segundo especialistas, a rotina faz a criança sentir-se segura

Por Agência Brasil
4 jan 2021, 15h31
A imagem mostra um jogo de tabuleiro
Crianças: atividades melhoram a rotina das crianças e minimizam risco de depressão (José Cruz/Agência Brasil)
Continua após publicidade

Dores de cabeça, de estômago e alteração no apetite e no sono são alguns sinais de alerta da depressão infantil. Os pais também devem ficar atentos a dificuldade de atenção, angústia, agressividade, isolamento e cansaço.

Segundo especialistas, o isolamento social enfrentado neste período de pandemia de Covid-19 pode agravar a ansiedade e depressão nas crianças, já que a maioria das tarefas estão restritas ou até mesmo proibidas.

A psicanalista Elizandra Souza destaca que nesta realidade de pandemia, as crianças tiveram que se adaptar ao novo, “tentando entender também o comportamento de todos dentro de casa, pois esta mudança não se restringe unicamente a elas, já que os pais também tiveram que se reinventar”.

Passados nove meses do início da pandemia, anunciada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 11 de março, nada mais é novidade. A psicanalista ressalta que, no início, “ficar em casa, não ir à escola parecia algo bom”. “O novo virou tédio! As crianças acabam ficando entediadas pela falta do que fazer e é aí que podem começar a surgir os problemas”, destaca.

Rotina
Para ajudar a vencer o tédio durante o isolamento, a psicanalista orienta a seguir uma rotina as crianças. “A rotina gera segurança e sensação de proteção”. Ela ainda acrescenta que é preciso incentivá-las a fazer atividades motoras. “As crianças precisam se mexer”, ressalta.

A psicopedagoga Thaisa Rocha Moura concorda que manter uma rotina é essencial, tanto para as crianças, quanto para os pais e aconselha a criar juntos um quadro de rotina com atividades que sejam prazerosas para a criança. “Brincar com animais, pesquisar receitas e cozinhar juntos, resgatar brincadeiras da infância dos pais, fazer uma sessão pipoca com filme escolhido por ambos e participar de brincadeiras que a criança propor”, sugere Thaisa.

Continua após a publicidade

Sensação de normalidade
Na opinião da psicanalista, a aproximação da aplicação da vacina contra a Covid-19 no próximo ano ainda não é fator que possa ajudar a melhorar os sintomas das crianças depressivas.

Ela explica que as crianças precisam da “sensação” de normalidade. “Portanto, mais que a questão da vacina, que é muito racional e cognitiva, o que melhora o humor das crianças é parecer se integrar com outras crianças, ainda que em quantidade reduzida, bem como participar de atividades onde o corpo possa se expressar”, diz Elizandra.

Ela destaca ainda que a criança tem menos elementos linguísticos para expressar sua dor e seus conflitos. “Contudo, o corpo, os movimentos são mais afetados e sofrem mais. Se a criança está há muito tempo em isolamento, dar uma volta no quarteirão já ajuda”, diz. Ela acrescenta que o medo e insegurança dos pais são “os piores vilões, pois aqueles que deveriam ser fortes e proteger, também estão sem chão”, afirma Elizandra.

Sintomas
Entre as prováveis causas da depressão infantil, pode estar uma experiência frustrante como separação dos pais, morte de um parente, bullying na escola.

Continua após a publicidade

A psicanalista Elizandra explica ainda que a probabilidade da criança desenvolver algum transtorno aumenta consideravelmente quando há casos de depressão na família. “O fator genético também pode exercer influência, mas a convivência com pessoas depressivas ou com histórias de depressão na família, faz a criança ‘aprender’ a ser”, diz a especialista.

Mas é possível contornar a situação para que, mesmo com adultos com depressão no convívio familiar, diminua a tendência da criança a desenvolver a doença. “É comum que crianças apresentem os mesmos sintomas que um adulto apresenta. Isso por causa da identificação e necessidade de pertencimento que crianças e adolescentes buscam, de forma mais evidente. Para contornar, é interessante apresentar para a criança outras formas de ser e de lidar com o mundo. Na infância, os exemplos de comportamento e pensamento são os maiores influenciadores de personalidade”, frisou.

Os primeiros sinais de que a criança pode estar com depressão são físicos. Muitos pais podem confundir estes sintomas com “manha”.

“As crianças com depressão podem se apresentar mais irritadas ou agressivas, perdem o interesse pelas atividades que normalmente gosta, ficam mais retraídas, apresentam alterações de apetite [excesso ou recusa], dificuldade de concentração e/ou aprendizagem, problemas com o sono [aumento ou diminuição]”, elenca Elizandra.

Continua após a publicidade

A especialista ainda alerta sobre os sintomas mais evidentes. “Falta de paciência ou tolerância, culpabilidade, problemas na aprendizagem, afastamento e desinteresse por atividades favoritas e dores”.

A criança também pode ficar muito tempo quieta, com medo de se separar dos pais ou cuidadores, evitar o contato interpessoal com as pessoas mais próximas e até mesmo perder o interesse pelas brincadeiras que costumava achar divertidas. Segundo a psicanalista, o que diferencia a depressão dos episódios de mau humor é a intensidade e a persistência.

Por isso, orienta a profissional, quando a criança apresentar os sintomas por tempo prolongado, mais de um mês por exemplo, é preciso procurar ajuda médica. “Ou quando a relação com a criança fica muito difícil – nada que se faça a demove desse lugar de apatia”, completa Elizandra.

“Quando falamos em saúde, pode ser comum pensarmos somente no aspecto físico e esquecemos do lado emocional. É fundamental que os pais busquem o profissional logo que perceber essas mudanças, para assim ajudar compreender e orientar da melhor forma”, acrescenta a psicopedagoga.

Continua após a publicidade

Tratamento
A depressão na infância pode comprometer o desenvolvimento da criança interferindo no processo de maturidade psicológica e social. O tratamento envolve psicoterapia e combinação de medicamentos que são adaptados à gravidade dos sintomas e como eles afetam o seu desenvolvimento.

“Além da orientação profissional, a participação dos pais é muito importante para a reabilitação da criança. São eles que vão lidar com a criança dentro de casa e ajudá-la a sair desta condição o mais rápido possível”, completa a psicanalista.

Sistema Único de Saúde
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para a depressão infantil. Segundo informou o Ministério da Saúde, a assistência às crianças e adolescentes com transtornos mentais é ofertada de forma integral e gratuita em diversas unidades do SUS em todo o Brasil.

Entre os serviços de referência para acompanhamento, estão as cerca de 41 mil Unidades Básica de Saúde e os 266 Centros de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSI), que ofertam acolhimento e tratamento às crianças e adolescentes em sofrimento ou com transtorno mental e seus familiares. Nesses serviços eles são atendidos e, caso necessário, encaminhados para a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

Em 2020, a pasta repassou cerca de R$ 650 milhões para aquisição de medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica utilizados no âmbito da saúde mental, em virtude dos impactos sociais ocasionados pela pandemia da Covid-19.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.