A maior tragédia climática da história do Brasil deu-se há um ano e meio, na noite de 12 de janeiro de 2011, na Região Serrana do estado. Teresópolis e Nova Friburgo, cidades situadas dentro do complexo de montanhas da Serra dos Órgãos, foram as que mais sofreram com as chuvas, contabilizando cerca de 1?000 mortos e inúmeros danos estruturais. Se Terê foi atingida mais em seu entorno, Friburgo viu-se ferida no centro pulsante do município. O setor turístico vai aos poucos absorvendo o impacto dos acontecimentos – novos restaurantes são abertos, hotéis que fecharam as portas naquela época já estão voltando a funcionar normalmente, e, para este inverno, há pacotes com preços promocionais. Ao mesmo tempo, o poder público também dá sinais de que quer continuar investindo na região – a estrada que liga o Rio a Teresópolis, por exemplo, passa por melhoramentos e já existem diversos trechos duplicados na subida.
No quesito hospedagem, o turista que escolhe a Serra dos Órgãos como destino de inverno sabe que pode contar com hotéis charmosos e pousadas que andam investindo no conceito de spa, algumas vezes com foco na alimentação equilibrada e na espiritualidade – mesmo para quem ainda não descobriu exatamente qual é a sua. Há estabelecimentos cuja vista (e principal cartão de visita) é a Mata Atlântica nativa e muitos deles são hotéis-fazenda, com estrutura que inclui cavalgadas e passeios de jipe.
Entre os restaurantes, a gastronomia alemã, dos colonizadores da região, mantém-se líder, mas a diversidade hoje em dia dá o tom. Existem boas casas de massas, moquecas, sushis, e nos cardápios proliferam carneiros, eisbeins, bolinhos de mandioquinha, trutas, cozidos e o que mais a imaginação inventar. Neste item, a localidade de Mury, não muito distante do centro de Friburgo, continua dando as cartas. E o bairro do Cônego vem crescendo como point gastronômico. Tudo nos arredores da cidade é especialmente bonito, com lugarejos como São Pedro da Serra, Lumiar e Sana liderando o imaginário de visitantes em busca de sossego – e também, é claro, atrás de um bom banho de cachoeira, aliás, geladíssima nesta época.
Teresópolis, por sua vez, mostra-se viva não só em sua ativa feira de roupas e produtos artesanais (todo fim de semana na Praça do Alto) como também na oferta de vinhos – é reconhecida a qualidade das adegas de lá. A concorrência faz aumentar o capricho, e agora apareceu um componente novo nessa saudável disputa: grupos de produtores de cerveja artesanal vêm se desenvolvendo na região, e Teresópolis, que reúne dezessete marcas de cerveja especial caseira, acaba de inaugurar um complexo cervejeiro. Essa volta por cima da Serra dos Órgãos merece mesmo um brinde.
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