Servidores e estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) fizeram hoje (24) mais uma manifestação de apoio à instituição, que sofre com a falta de recursos. [primeiro para o dia 23 e para o dia 30 de janeiro].
Além da incerteza quanto às aulas, a universidade enfrenta outros problemas, como estado de greve deflagrado pelos professores, com paralisação total prevista para o próximo dia 2, o bandejão da instituição não funciona por falta de pagamento do Estado à empresa que fornece os alimentos, entre outros.
O Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Rio de Janeiro (SINTUPERJ) está elaborando um dossiê com informações sobre a crise atual do Estado a ser enviado para entidades internacionais como a Organização das Nações Unidas. É o que garante o coordenador geral da organização, Antonio Virgílio Fernandes.
“A gente está em vias de concluir esse documento e encaminhar às diversas organizações internacionais para que vejam o cenário calamitoso que estamos passando. É preciso que o mundo ouça nossa voz e preste atenção neste descaso que o governo do estado, por meio do Pezão, faz conosco. Temos inúmeros servidores que não possuem dinheiro sequer para alimentação. Chegamos no fundo do poço,” lamenta.
Segundo a ex-reitora da Uerj Nilceia Freire, que em sua gestão implementou a política de cotas para alunos negros de baixa renda e formandos de escolas públicas, a instituição deve ser valorizada como a solução dos problemas e não como um agravante na situação caótica do estado.
“Me entristece demais ver uma universidade como a Uerj, que sempre trilhou um caminho social com extrema representatividade na formação de cidadãos, ser vista como um problema. Nós somos parte da solução! Somos responsáveis pela formação de diversos cidadãos que por aqui passaram. Uma instituição com um legado desse jamais pode ser vista como problema,” disse.
A diretora do Centro de Tecnologia e Ciências da Uerj, Maria Georgina Muniz, tentou resumir os motivos dos seguidos atos em prol da universidade fluminense. “Apenas queremos trabalhar e nossos alunos querem ter aula. É pedir demais? Hoje não temos o básico para isso. Só queremos ter o mínimo de condições para exercermos nosso papel na sociedade. Desse jeito que está, é impossível,” lamentou.
De acordo com a Secretaria Estadual de Fazenda, mesmo com a crise financeira que atinge o estado, em 2016, o governo repassou à Uerj 65% de seu orçamento previsto para o ano, no valor de R$ 1,1 bilhão.
Segundo a secretaria, como o salário de dezembro e o 13º salário ainda não foram pagos para a maioria do funcionalismo público do Estado do Rio de Janeiro, encontram-se pendentes de pagamento R$ 212,4 milhões em pessoal, que representam 18,9% do orçamento total da Uerj. Para custeio e investimento, ficaram pendentes de pagamento R$ 83,9 milhões, que representam 7,5% do orçamento total da universidade.