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Da cor do verão

Numa votação promovida por VEJA RIO, a atriz Sheron Menezzes deixa para trás mulheres mais famosas e é eleita a musa da estação que os cariocas mais cultuam

Por Fernanda Thedim
Atualizado em 5 jun 2017, 14h44 - Publicado em 16 dez 2011, 19h46
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  • Em março de 1962, Tom Jobim e Vinicius de Moraes conceberam sua cria mais famosa. Gerada numa mesa de bar, a menina rodou o mundo, foi cantada em diversos idiomas e chamou atenção para a vida carioca à beira-mar. Quase cinquenta verões depois, a canção Garota de Ipanema ganha uma nova representante à altura de seus versos ? e que certamente a dupla de compositores aprovaria. Numa eleição inédita promovida por VEJA RIO, da qual participaram 2?012 internautas, a atriz Sheron Menezzes foi escolhida a musa do verão, estação que inicia seu próximo reinado na madrugada de quinta-feira (22). Na corrida pelo título, ela superou algumas das mulheres mais bonitas e conhecidas do país, entre elas suas badaladas colegas Juliana Paes, Fernanda Vasconcellos e Guilhermina Guinle (veja mais nas págs. 30 e 31). Nascida em Porto Alegre, mas radicada no Rio há dez anos, Sheron elegeu o bairro da moça do corpo dourado para morar ? e encantar. “Ela é linda”, enaltece o jornalista Nelson Motta, seu vizinho. “Simboliza a mistura, que é um dos maiores charmes de Ipanema.”

    confira a opnião dos leitores sobre a vencedora clicando na imagem abaixo

    [—FI—]

    Dona de um sorriso solar, cujo brilho se enxerga de longe (alguém se atreve a negar ao ver esta foto de abertura?), ela se instalou naquele pedaço da cidade entre a lagoa e o mar e aprendeu a aproveitá-lo como poucos. Sempre que possível, esvazia a cabeça da rotina de gravações com sessões de slackline na areia. A atividade consiste em se equilibrar numa fita elástica amarrada entre dois coqueiros do Posto 8. Nos fins de tarde, Sheron pode ser vista no calçadão passeando com seus dois vira-latas, Batata Frita e Fidel Castrado, e o namorado, o ex-modelo Saulo Bernard, ou deslizando de patins num doce balanço pela ciclovia. Não fossem o dever profissional de bater ponto diariamente no Projac, em Jacarepaguá, e as escapadas eventuais para um show ou uma casa noturna em outro eixo da cidade, seu cotidiano caberia perfeitamente dentro da esplanada de Ipanema. Sheron mora com o irmão em um apartamento na Rua Canning e procura resolver sua vida pelas redondezas. A academia, a livraria, o mercado e o salão de beleza que frequenta ficam perto de casa. Na padaria, também perigosamente próxima, ela é capaz de devorar um sanduíche de mortadela sem culpa, mas, por precaução, na hora da compra de mantimentos, leva apenas um mísero pãozinho, “a fim de evitar a tentação de comer mais um”. Quando quer radicalizar, caminha em direção ao Leblon e se atraca com o pastel de carne do BB Lanches ou com o escondidinho de camarão da Academia da Cachaça.

    veja a votação completa clicando na imagem abaixo

    [—FI—]

    Foi meio por acaso a descoberta de Ipanema e seus encantos. Ao completar 18 anos, Sheron decidiu deixar os pais para trás em sua cidade e se mandou para o Rio com o propósito de engrenar a carreira na televisão. Assim que chegou aqui, repetiu o que a maioria dos jovens atores globais faz: alugou um pouso perto do trabalho, na Barra, onde morou durante um ano. Depois de levar um cano da proprietária e sem ter para onde ir, foi morar de favor na casa de sua primeira empresária, em Ipanema. Sem maiores despesas, conseguiu ganhar um fôlego financeiro e alugou um quarto no apartamento de uma amiga, a também iniciante Carol Castro, que à época morava com sua mãe no mesmo bairro. “Eu me apaixonei pela vida daqui”, derrama-se ela. “Tinha tudo ao meu alcance em poucos minutos, sem precisar de carro.”

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    A mais velha dos quatro filhos do contador Haroldo Menezes e da escritora Veralúcia, Sheron, que acrescentou um “z” ao sobrenome por conselho de um numerologista, viveu na capital gaúcha até se transferir para o Rio. Mais do que dar apoio, sua mãe sempre forçou a barra, desde cedo, para que ela ingressasse no meio artístico. Seu nome de estrela, aliás, foi escolhido de propósito, para que não precisasse trocá-lo quando fosse iniciar a tão sonhada carreira ? pelo menos na cabeça da mãe. Foi ela quem a matriculou em um curso de modelo e manequim. Como o fator hereditariedade levava a crer que Sheron não seria alta o suficiente para brilhar nas passarelas, o foco passou a ser a profissão de atriz. Aos 15 anos, ela foi aprovada em uma peneira da Globo realizada em Porto Alegre. A partir de então, passou quase quatro anos trabalhando como modelo fotográfico, mas vindo ao Rio constantemente para fazer testes na TV.

    Uma dessas fitas chamou a atenção de Luís Fernando Carvalho, escalado para dirigir a novela Esperança, que foi ao ar em 2002. Ao vê-la, ele imediatamente ligou para o autor, Benedito Ruy Barbosa, dizendo que tinha encontrado a pessoa certa para determinada personagem da trama. Foi o começo de uma consistente trajetória. De lá para cá, Sheron praticamente emendou um trabalho no outro e já encarnou papéis de um amplo leque social, de copeira a patricinha. Atualmente, a musa do verão integra o elenco de Aquele Beijo, sua oitava novela. A princípio, faria a vilã Grace Kelly. Chegou a estudar três meses a personagem até que Miguel Falabella, autor do folhetim, decidiu fazer uma mudança radical na escalação. A uma semana da estreia, ele avisou que ela passaria a interpretar a boazinha Sarita. “Minha intuição dizia que Sheron seria perfeita como a heroína romântica da história”, conta Falabella. Para facilitar a montagem de elenco, os artistas da emissora são informalmente agrupados de acordo com certas características, como tipo físico, faixa etária, beleza e carisma. Assim, José Mayer e Antonio Fagundes, por exemplo, estariam na ramificação dos galãs bem amadurecidos. Deborah Secco e Juliana Paes, por sua vez, seriam estrelas de primeira grandeza escolhidas para dar vida a tipos provocantes. Nessa linha de raciocínio, Sheron ocuparia a mesma faixa de Camila Pitanga e Taís Araújo, embora alguns degraus abaixo das duas na hierarquia global. Quando Taís recusou o convite para atuar em Caras & Bocas, exibida entre 2009 e 2010, a escolhida para substituí-la foi justamente Sheron. “Era uma personagem secundária, que acabou virando uma das protagonistas. Sheron contribuiu muito para isso”, recorda o autor, Walcyr Carrasco.

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    Ela passa a imagem de um tipo popular, porém contido, sem exageros. Na votação de VEJA RIO, cujo resultado foi tabulado pelo Departamento de Pesquisa e Inteligência de Mercado da Abril Mídia, os eleitores destacaram a simpatia da musa (veja o quadro nas págs. 28 e 29), embora nos bastidores da TV essa característica não seja imediatamente associada a ela. A própria atriz admite que seu excesso de sinceridade às vezes soa mal e nem sempre é compreendido pelas pessoas. Ela já foi pivô do noticiário de sites de fofoca devido a um suposto entrevero com Juliana Paes por causa de um papel numa novela. Na edição de 2010 do concurso Dança dos Famosos, da qual se sagrou vice-campeã, trocou farpas via Twitter com a jurada Deborah Secco em razão de um voto negativo dado a sua performance. Os dois casos não foram levados em consideração pelos eleitores on-line, que ressaltaram ainda a espontaneidade da moça. Sua maior força, indiscutivelmente, está na beleza. Oito de cada dez internautas a consideram um símbolo sexual, e metade dos votantes aponta o rosto como a parte mais bonita de seu corpo. Ela exibe uma silhueta impecável, com 53 quilos bem distribuídos por seu 1,66 metro. Para manter essa boa forma, faz aulas de kickboxing numa academia. Mas nada de barriga tanquinho ou coxão de jogador de futebol. Tal qual o cabelo, trata-se de uma beleza mais ao natural, cujo crédito deve ser dado sobretudo à genética.

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    A musa, de 28 anos, vai atravessar o verão com um alto índice de exposição. Além de presença habitual na TV e na praia, ela será uma das atrações da maior festa da cidade. Pelo segundo ano consecutivo, sairá à frente dos ritmistas da Portela no domingo de Carnaval, dia 19 de fevereiro. Na apresentação da escola no desfile passado, o típico stress de estreia de rainha de bateria teve um ingrediente extra. A van que a levava para o Sambódromo se perdeu no caminho. Da passarela vinha a informação de que os puxadores já estavam esquentando o gogó, prontos para iniciar o cortejo. Ao ver que não conseguiria chegar se não fizesse nada, ela abriu abruptamente a porta do veículo e saiu correndo de biquíni pela Avenida Presidente Vargas até alcançar a concentração. Acabou de vestir a fantasia bem na hora do grito de guerra que antecede o começo do desfile. Em meio a tanta tensão, ela cruzou a Passarela do Samba aos prantos. Para o próximo Carnaval, espera-se que sem atropelos, está aprendendo a tocar agogô para poder passar pela Marquês de Sapucaí interagindo com a bateria. Seja como musa, seja como rainha, o espetáculo de Sheron está só começando.

    [—FI—]

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