Três letras impressas num boné usado pelo candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em visita ao Complexo do Alemão nesta quarta (12) estão dando muito o que falar. A sigla CPX vem da abreviação da expressão “complexo de favelas”, mas eleitores do presidente Jair Bolsonaro distorceram seu significado para fazer uma associação do petista ao tráfico. Depois que perfis bolsonaristas nas redes sociais postaram que abreviação se trataria de uma referência a um grupo criminoso, ela entrou nos trending topics no Twitter nesta quinta (13).
+ Mais de 70 kg de alimentos foram descartados em mercados da cidade
Em sua rede social, o senador Flávio Bolsonaro postou fotos do ex-presidente Lula com o boné e escreveu: “Mais uma coincidência de simpatia pelo tráfico de drogas?”. Ele também publicou uma outra mensagem que falava sobre a sigla. “Lula visita ‘QG do Comando Vermelho’ no Alemão, RJ, e usa boné que significa ‘cupinxa (parceiro) do crime’”, escreveu. A palavra cupincha, que em português correto é escrita com ch, é uma gíria que significa “camarada” e, pejorativamente, “parceiro de alguém em algo; comparsa”, segundo os dicionários.
A sigla CPX é usada principalmente na internet por moradores e por órgãos oficiais para se referir a regiões do Rio de Janeiro que contam com um grupo de favelas. Ela é inclusive citada pelo perfil oficial da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro e consta do resumo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do governo estadual para 2023.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
Rene Silva, fundador do jornal Voz das Comunidades e nascido e criado no Complexo do Alemão, postou um esclarecimento no começo da manhã desta quinta (13), após ter acompanhado o ato com Lula. “Desde sempre CPX é abreviação de Complexo. Assim como usam Bxd para Baixada e RJ para Rio de Janeiro”, disse Rene. Na internet é possível encontrar uma grande quantidade de locais das comunidades que adotam o CPX no nome, como lojas, agências de turismo, bares e lanchonetes.