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Simpatias de Ano Novo

Conheça o significado de rituais, cores, comidas e outras mandingas típicas de Réveillon que prometem trazer amor, dinheiro, saúde e paz no ano que se inicia

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 jun 2017, 14h42 - Publicado em 28 dez 2011, 19h45
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  • Chegou o momento do ano em que é de praxe as pessoas refletirem sobre a vida e o que querem dela. Quais são os seus maiores desejos para 2012? Fazer aquela viagem dos sonhos, ganhar um aumento, encontrar a alma gêmea? A vontade de atrair a sorte e transformar os planos em realidade é tão grande que simpatias de Réveillon como pular sete ondas, usar branco e escolher cores específicas para as peças íntimas, de acordo com as intenções, ganham força no dia 31 de dezembro. Religião, crenças populares, lendas, costumes de diferentes povos e até mesmo fatos históricos ajudam a explicar o significado de rituais como esses. Superstição ou não, cá entre nós: uma fezinha não faz mal a ninguém, e pode deixar a virada mais divertida. Listamos a seguir simpatias comuns no Ano Novo (aquelas que, reza a lenda, dão mais certo). Entenda como surgiram, escolha a sua e boas entradas!

    Flores para Iemanjá: a rainha dos mares é uma divindade da umbanda e do candomblé que sempre foi homenageada, em terras africanas, com oferendas na passagem do ano. Presentear a orixá com flores, velas, perfumes, sabonetes e bebida significa atrair a sorte, uma vez que a deusa arrastaria todos os problemas para o fundo do mar, devolvendo através das ondas a esperança de um futuro melhor.

    Pular sete ondas: os gregos acreditavam ser possível “recarregar as baterias” através do mar, fonte da vida, mas a simpatia vem de uma tradição africana ligada à umbanda e ao candomblé. O sete é considerado espiritual (são sete dias da semana e sete chacras). Pular este número de ondas ajudaria a invocar os poderes de Iemanjá, que purifica o espírito e dá força para vencer os obstáculos do ano que está por vir.

    Lentilhas: a comida sempre esteve relacionada a crendices, simpatias e, é claro, aos festejos populares. Sem ela, não há comemoração. Afinal, as refeições unem as pessoas. No caso da lentilha, saboreá-la no Réveillon atrai a riqueza já que o grão, quando cozido, aumenta de tamanho, o que significa fartura segundo a tradição grega.

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    Romã: por causa da grande quantidade de sementes, a fruta é historicamente associada à fecundidade, à riqueza e também à paixão. Segundo a mitologia greco-romana, Perséfane, quando come a romã, se torna prisioneira do amor. Para os judeus, o fruto é símbolo de realizações. Portanto, se o objetivo for atrair dinheiro, coma uma romã em sete pedaços (lembram-se da importância do número sete?) e guarde as sementes dentro da carteira durante o ano todo. Outro ritual é segurar três sementes da fruta nos dentes, quando der meia-noite, e pedir dinheiro para o ano seguinte.

    Frutas secas: para os romanos, cada tipo de fruto seco é imbuído de significado: as nozes estão relacionadas à prosperidade, a avelã à fartura de alimentos e as amêndoas à proteção dos efeitos do álcool.

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    Uvas: frondosa, sempre em cachos e com bastante semente, a fruta é associada à fartura. Quando imigraram para o Brasil, os vinicultores italianos e portugueses trouxeram o costume de guardar sementes da fruta para atrair a prosperidade. Comer 12 uvas na virada (uma para cada mês) e guardar seus caroços resultaria em um ano repleto de riquezas.

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    Carnes e aves: na ceia da virada, a tradição popular manda evitar o consumo de aves como galinha e peru, pois elas ciscam para trás, o que indicaria regresso e atraso de vida. Caranguejo também é vetado pelo mesmo motivo (o animal anda para trás). Porco ou leitão são os mais indicados para a data. Como fuçam e empurram a terra para frente, são relacionados à prosperidade. Peixe é outra opção, uma vez que nada para frente.

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    Vinho e champanhe: por serem feitos a partir da uva, que, segundo a crença, atrai sorte e prosperidade, as duas bebidas não podem faltar na ceia de Ano Novo. No Evangelho, a videira é considerada ainda um símbolo da vida e da sabedoria. Dê três pulinhos com uma taça de champanhe na mão, sem derramar nenhuma gota, e jogue toda a bebida para trás. Dessa forma, reza a lenda que tudo o que for ruim fica no passado. Quanto ao brinde, ele deve ser feito em taças de cristal, que purifica as energias.

    Roupa branca: trata-se de uma tradição das tribos africanas que vieram para o Brasil durante o período da escravidão. Segundo elas, o branco tem o significado de paz e purificação. Na África, os devotos de Iemanjá também vestem a cor para homenagear a deusa com oferendas na virada do ano.

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    Cores: amarelo e dourado (associados ao sol, o astro soberano) atraem dinheiro; branco a paz; vermelho o amor; rosa a paixão; verde a saúde; violeta a elevação espiritual, e o azul, cor que remete ao céu e sugere espiritualidade, atrai a esperança. De acordo com a cromobiologia, estudo do significado das cores na vida humana, essa simbologia tem uma base biológica. Afinal, uma vez captadas pelos olhos, as cores transmitem ao cérebro impulsos e reações que são refletidas de diversas maneiras. Contemplar o branco, por exemplo, acalma porque ele diminui a frequência cardíaca e respiratória. Já o vermelho é uma cor de efeito contrário, que estimula e agita os sentidos, acelera os batimentos cardíacos, aumenta a temperatura do corpo e favorece a liberação de hormônios. O verde, que representa harmonia, equilíbrio, fertilidade e renovação, ligado à natureza, acalma e ajuda no processo de cura, especialmente emocional.

    Banho de sal grosso: várias culturas atribuem ao sal o poder de purificar os ambientes, de trazer alegria e gosto à vida. Há sal na bênção da missa católica, no casamento do candomblé e até mesmo delimitando os campos de sumô, a luta preferida do Japão. Nas casas da Nigéria, maior nação africana, nas cidadelas interioranas da França e em diferentes cantos do Brasil, o sal é usado para combater o mau-olhado e deixar a casa a salvo das energias ruins. Na Idade Média, a substância era inclusive valiosa, tanto quanto o petróleo hoje, sendo conhecida como “ouro branco”. Naquela época, a salmoura (mistura de sal com água, capaz de evitar a proliferação de bactérias) era a única forma de conservar os alimentos. Uma das mais tradicionais superstições francesas – de que o desperdício de sal significa prejuízo, mau agouro – surgiu nesses tempos. Muito antes disso, há 5 000 anos, o engenheiro romano Peccius usava o sal como moeda para pagar operários. Daí surgiu a palavra “salário”. No candomblé, a religião trazida para o Brasil pelos escravos negros da região ocidental da África, o sal tem importância fundamental. Na língua iorubá, é designado pela palavra iyo, que também significa alegria. Os banhos de água salgada com ervas são comuns no continente para renovar as energias.

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