Engenheira de formação, a carioca Sonia Neves, 61 anos, viveu, no fim da década de 80, o pior drama pelo qual uma mãe pode passar: descobriu que seu filho mais novo, Marcos, tinha leucemia. Após três recaídas, surgiu a possibilidade de levá-lo para se tratar em Nova York. Com a ajuda financeira de amigos, a família embarcou para os Estados Unidos. Lá, Sonia e Marcos ficaram hospedados em um espaço especial para receber crianças e seus acompanhantes, a Casa Ronald, mantida pela rede de fast-food McDonald’s. Após dois meses no exterior, Marcos não sobreviveu à luta contra a doença. Sonia voltou ao Rio decidida a criar por aqui um projeto semelhante ao que conheceu lá. Surgia assim, em 1992, a Casa de Apoio à Criança com Neoplasia. Após contato com o Instituto Nacional do Câncer e com a equipe da rede de lanchonetes responsável por esse trabalho, o projeto de Sonia recebeu a chancela para se tornar a Casa Ronald carioca. “Hoje, o McDonald’s atua como uma espécie de padrinho do projeto, que nos ajuda com a arrecadação de campanhas como o McDia Feliz”, explica a engenheira. O dinheiro proveniente da venda dos sanduíches nessa data cobre os custos com infraestrutura, mas Sonia e sua equipe vão além e captam recursos com outros doadores, mobilizam voluntários e promovem bazares e eventos beneficentes.Atualmente, a Casa Ronald tem capacidade para hospedar 57 crianças acompanhadas de seus familiares. O espaço conta com quartos para atender às diferentes necessidades dos pacientes, de cadeirantes a pequenos que acabaram de passar por transplante. O perfil dos hóspedes é variado: há aqueles que passam apenas uma noite e os que chegam a viver mais de um ano no local. Diz Sonia: “Nosso objetivo é ser uma casa longe de casa, onde as crianças encontrem todas as condições para se curar”. A casa possui convênios com sete hospitais públicos do Rio e são eles que encaminham as famílias ao local, levando em conta fatores como condições físicas, distância de casa, situação financeira, entre outros. Desde a fundação, já foram recebidos mais de 2 700 pacientes. “Eu cuido desta casa como se ela fosse o meu filho. A dedicação que eu tinha com ele foi toda transferida para o projeto”, diz ela.