A moda começou nos Estados Unidos há pouco tempo e não demorou a chegar por aqui. Afinal, numa cidade onde a patrulha do culto ao corpo está sempre a postos, era de esperar que uma bebida com o status de saudável e nutritiva logo conquistasse fiéis consumidores do Leme ao Pontal. É exatamente isso que vem acontecendo com os chamados sucos elaborados através do método de prensagem a frio. No ano passado, ao menos três marcas especializadas surgiram no Rio, como o Suco Prensado, a Amí e a Greenpeople. Essa última, a pioneira, começou no início de 2014 produzindo cerca de 20 litros por mês numa fábrica caseira e atualmente distribui 20 000 litros dos seus doze sabores, feitos com misturas de frutas, verduras e legumes. O sucesso do produto, cujo preço de uma única garrafinha alcança os 15 reais, é resultado de uma receita que junta não só ingredientes saudáveis como uma boa dose de marketing, focado em embalagens bonitinhas, ampla divulgação nas redes sociais e supostos benefícios da bebida à saúde, mesmo que não haja estudos que os comprovem.
Na prática, o método não tem nada de novo. Pelo contrário. Chega a ser até rudimentar, com a utilização de uma prensa hidráulica que, há tempos, é empregada para fazer azeite. Em resumo, com a aplicação de uma imensa pressão, que chega a 7 toneladas, extrai-se o suco das frutas e vegetais. “Como o processo não gera calor, conforme acontece com o liquidificador ou a centrífuga, não há a oxidação dos ingredientes”, afirma Larissa Freire, da Suco Prensado. “As vantagens nutricionais em relação aos industrializados são indiscutíveis, apesar da pouca durabilidade”, afirma Hilda Barros, do Instituto de Nutrição da Uerj. É importante, porém, ficar atento aos excessos. Como o rendimento na prensa é muito baixo, chegam a ser utilizados até 800 gramas de frutas e verduras para produzir uma garrafa de 350 mililitros, elevando também o número de calorias. Um dos sabores da Greenpeople, por exemplo, à base de banana e leite de amêndoa, tem 430 calorias, as mesmas de três latas de Coca-Cola. “Com isso a ingestão diária de frutas pode ser muito maior do que a necessária”, alerta a professora de nutrição da UFRJ Ana Luisa Kremer.