Estrela do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), o Santos Dumont chegou à instituição, em Petrópolis, no começo do ano. Trata-se de um supercomputador de 15 toneladas e 380 metros quadrados. Sua velocidade de processamento é 1 milhão de vezes superior à de um notebook comum. O equipamento de 60 milhões de reais, fabricado na França, foi recebido com justificado contentamento pela comunidade científica brasileira. Sua capacidade de analisar enormes quantidades de informação em um curto período de tempo é de importância fundamental para pesquisas em áreas variadas, da medicina à exploração do petróleo. Na manhã da quarta-feira, dia 22, uma reportagem de Gabriel Sabóia veiculada pela rádio CBN trouxe a má notícia: esse portento tecnológico chegou a ser desligado e teve seu funcionamento limitado ao mínimo, por falta de verba assegurada para pagar a conta de luz. Não é pouco dinheiro. O consumo de energia da máquina equivale ao de um bairro com 3 000 moradores e pode chegar a gastos de 500 000 reais mensais, 80% dos recursos totais do Laboratório. Em nota oficial, o atual Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, ao qual o LNCC é subordinado, informou que o orçamento desembolsado foi de 8,121 milhões de reais neste ano e “já negocia com a área econômica uma suplementação orçamentária”. O texto é arrematado com uma determinação — “Por ora, como o LNCC está recebendo regularmente a sua parte orçamentária, o Ministério espera que o equipamento retorne ao seu funcionamento pleno para não prejudicar pesquisas e projetos desenvolvidos por esse importante centro de pesquisas”. Entre os “projetos desenvolvidos” estão estudos sobre o zika e a doença de Alzheimer. Como se vê, o “desliga e liga”, o “CTRL+ALT+DEL” tão comum na informática, é também um dos males da governança pública.
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