Na tarde de terça, 29, quase duas centenas de taxistas cariocas marcharam na direção do Santos Dumont. Em seu destino, promoveram mais uma daquelas manifestações típicas da categoria: são atos famosos por chamar atenção para um problema da classe e, ao mesmo tempo, transtornar o resto da cidade. O alvo, novamente, foi o concorrente Uber, ou melhor, um posto de atendimento do serviço de transporte privado que fica no térreo do shopping Bossa Nova Mall, vizinho do aeroporto. Movidos por palavras de ordem como “Ei, Uber, vai tomar no c*”, ou “É Uber! Quebra!” — orgulhosamente registradas em vídeos veiculados nas redes sociais —, os militantes do movimento amarelinho depredaram o lugar. Em sua ira, além de destruir móveis e utensílios, ainda ofenderam uma ex-BBB à espera de motorista. Dura na queda, como nos tempos em que desfilava na “casa mais vigiada do Brasil”, Ana Paula Renault enfrentou os gritos de p*****a e deixou o local. De Uber.
O quebra-quebra, interrompido por soldados do 5º Batalhão de Polícia Militar, aconteceu dias depois de o prefeito Eduardo Paes, nos últimos suspiros de seu mandato, sancionar a Lei No 6.106. Projeto de autoria da vereadora Vera Iris (PP), o texto proíbe o funcionamento do Uber na cidade. Paes, na verdade, publicou no Diário Oficial um agrado pouco efetivo aos profissionais de táxi. A briga na Justiça ainda vai render, já que o aplicativo vem mantendo o direito de circulação de seus carros na base de liminares. Argumentos razoáveis dos dois lados emergem de uma análise minimamente serena da situação. Motoristas de táxi e de Uber têm até um ponto em comum: todos usam as cercanias do Museu de Arte Moderna, perto do Santos Dumont, como estacionamento irregular. Deve haver, portanto, uma forma melhor de resolver a contenda, sem destruir nada nem xingar a Ana Paula.