Duas vezes por ano, um grupo de pessoas das mais diversas áreas, como ciência, tecnologia, cinema, artes plásticas e política, se reúne durante alguns dias para viver a experiência do TED Global, conferência internacional promovida desde 2005 pela organização sem fins lucrativos TED (Technology, Entertainment, Design) a fim de disseminar ideias inovadoras pelo mundo. Conhecido como uma espécie de “spa do cérebro”, nele foi apresentado pela primeira vez, por exemplo, o protótipo do Google Earth. Após passar por sete países, o ciclo inspirador de palestras chega pela primeira vez à América Latina, no Rio. O evento, fechado, começa nesta segunda (6), indo até sexta (10), na Praia de Copacabana, numa superestrutura de 16 000 metros quadrados montada em frente ao Hotel Copacabana Palace.
Ali, 65 palestrantes falarão a um público de cerca de 1 000 espectadores, vindos de sessenta países. É gente que pagou um ingresso de 6 000 reais em busca de aprendizado e networking. O tema desta edição, South!, tem como proposta mostrar ao planeta a efervescência de conhecimento que existe hoje no Hemisfério Sul. Segundo o suíço Bruno Giussani, curador do evento, os países latino-americanos – o Brasil está entre os cinco principais – formam uma parcela importante do público do TED e do TEDx na internet (na qual é possível assistir a vídeos dos debates), com 2 milhões de visualizações por dia. “Além de ter atrativos intelectuais e uma história de sucesso e superação, a cidade oferece atrações turísticas deslumbrantes. Todo mundo quer visitá-la”, afirma Giussani, que organizou ainda excursões e festas para distrair a distinta turma no tempo livre.
+ Como se divertir em 24 horas em Copacabana
Foram seis anos de lobby até convencer o TED Global a vir para o Rio. Quem conta é o prefeito Eduardo Paes: “Numa visita ao seu escritório em Nova York, em 2009, eles me atenderam com ar de descrédito. Pareciam assustados com a imagem do Brasil lá fora”. Todavia, Paes acabaria sendo convidado para palestrar no TED de 2012, na Califórnia, sobre os desafios de gerir uma metrópole. E o relacionamento engrenou. “Quanto mais o Rio se consolidar como destino de gente qualificada, melhor. Aqui não é só lugar de festa. É uma cidade que tem atividade econômica considerável e uma importante economia criativa”, afirma o prefeito.
Entre os palestrantes, alguns nomes se destacam, como o jornalista americano Glenn Greenwald, além dos “nossos” José Padilha, cineasta, e Miguel Nicolelis, neurocientista (veja o quadro acima). Também vão rolar batalha do passinho e samba com a banda Casuarina. O público costuma fazer parte do show: no mais recente TED, em março, no Canadá, marcaram presença figuras como a atriz Cameron Diaz, o ecologista (e ex-vice-presidente dos Estados Unidos) Al Gore e Bill Gates, fundador da Microsoft.
Para armar a festa, o TED elegeu a empresa Dream Factory, responsável por atrações como o Carnaval de Rua e a Maratona do Rio, bem como a última Jornada Mundial da Juventude. “O desafio maior foi pôr toda a estrutura de pé na praia. São mais de 300 funcionários trabalhando desde agosto”, conta o CEO Duda Magalhães. No interior de um imenso pavilhão revestido de centenas de guarda-sóis, haverá três telões, doze caixas de som e oito câmeras para transmitir os seminários via internet. O conteúdo será disponibilizado, gratuitamente, para escolas, universidades, bibliotecas e ONGs do Rio e de Niterói. Até o momento, há 45 instituições inscritas, mas o acesso ainda pode ser requisitado através do e-mail live@ted.com. Em caso de pessoas físicas e empresas privadas, o pacote de streaming sai a 200 dólares por dia, ou 500 dólares a conferência completa. É o preço para ficar por dentro do que pensam algumas das cabeças mais antenadas do planeta.