Em 2002, numa viagem a Recife (PE), a chef carioca Teresa Corção travou contato com pequenos agricultores locais e tomou conhecimento de vários produtos derivados da mandioca. O que, à primeira vista, seria apenas um acontecimento prosaico acabou virando um insight para que a chef percebesse que a gastronomia ia muito além da cozinha. “Ali, caiu a ficha e notei que a área era sustentada por quatro coisas: a biodiversidade, os agricultores, os cozinheiros, que transformam a matéria-prima, e o consumidor”, explica Teresa, que, desde então, se dedica a promover ações para ajudar a desenvolver o setor. “Fui me envolvendo e, em 2007, criei, com uma amiga, o Instituto Maniva, com a missão de fortalecer a agricultura familiar sustentável e promover a alimentação saudável”, afirma.
“Eu quero é que as próximas gerações de agricultores tenham uma vida boa, sem tanto sofrimento”
Para alcançar seu objetivo, a chef não mede esforços. Dá palestras gratuitas, ajuda os pequenos agricultores na comercialização de seus produtos e promove visitas de universitários ao campo. “Não basta falar. Então, levo jovens para que eles conheçam todas as dificuldades da produção. É uma maneira de formar consumidores mais conscientes”, afirma Teresa, proprietária do restaurante O Navegador e ex‑apresentadora do programa Bagunça na Cozinha, no Canal Futura, em 2009.
O ativismo voluntário levou Teresa à final do Basque Culinary World Prize, prêmio voltado para os chefs que realizam iniciativas transformadoras na sociedade por meio da gastronomia. A comissão julgadora levou em consideração o Projeto Tapioca, da ONG da chef, que realizou oficinas em escolas públicas para crianças de 7 a 12 anos a fim de reavivar o uso da mandioca, e a formação de um grupo de ecochefs (cozinheiros com responsabilidade socioambiental), do Instituto Maniva, entre outros programas. Teresa não ganhou o prêmio, cujo resultado saiu na segunda (11), mas isso não a esmoreceu. “Eu quero é que as próximas gerações de agricultores tenham uma vida boa, sem tanto sofrimento. E que, no futuro, nós estejamos produzindo melhor, sem agrotóxicos, e comendo melhor”, finaliza.
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