O Theatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ) comemora 111 anos de nesta terça-feira (14) com uma intensa programação virtual.
Como presente, a instituição está recebendo 111 depoimentos de artistas de várias expressões culturais do país e de funcionários da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Secec-RJ), como o da camareira mais antiga, Leila Lopes, há 23 anos no Theatro. Os depoimentos reúnem nomes como Gilberto Gil, Glória Pires, o maestro Isaac Karabitchevsky, Renata Sorrah, João Donato, Toni Garrido, Alcione e Lenine e são publicados diariamente no site do TMRJ, até o final do mês.
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do Theatro Municipal, Aldo Mussi, destacou que o espaço, na Cinelândia, Centro do Rio, é uma casa de todos. “Já que o teatro está completando 111 anos, a repetição do número 1 me leva a pensar que, depois de tudo que a instituição viveu em mais de um século, recomeçar após essa pandemia significa que nós estamos escrevendo um novo capítulo, de voltar as nossas atenções para os artistas, para o fazer da arte, para a necessidade dessa arte continuar a ser exibida, não importam os meios”, aponta Mussi.
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Irene Orazem, de 80 anos, é a funcionária na ativa mais antiga do Theatro Municipal. Ela entrou na antiga escola de dança do teatro com 8 anos de idade. Aos 15 anos, passou a integrar o corpo de baile, em 1955. Foi solista, professora, ensaiadora, diretora da Divisão de Dança e, atualmente, é responsável pela produção de figurinos dos balés e óperas. “Dancei todos os balés possíveis que foram montados. Viajei pelo Brasil com o balé. Para mim, o Theatro é o meu dia a dia, meu pão, minha família. É uma vivência muito grande passando por várias fases e obras do Theatro”, emociona-se.
Irene lembrou-se, contudo, que a situação hoje não é boa. “Já vínhamos sofrendo muito antes da pandemia”, disse, referindo-se aos problemas financeiros do governo fluminense que impactaram inclusive no pagamento de salários. Com a pandemia, a situação ficou pior. “Parar de dançar é difícil”. É uma coisa que ela sente muito pelas futuras gerações. Segundo Irene, os concursos para entrar bailarinos mais jovens estão suspensos.
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Destaques
O Municipal prepara um quiz educativo que será lançado gratuitamente no dia do aniversário através das redes sociais e do site. O quiz consiste em mostrar a imagem de um camafeu com grandes figuras do mundo das artes, entre os quais escritores, dramaturgos e compositores, e ver se a criança descobre quem é.
Ao longo desta terça (14), serão realizadas três lives: às 11h, às 15h, e a de encerramento, às 18h. O tema será o destino da cultura pós-pandemia e a história do Theatro Municipal. Na série gravações históricas, haverá uma edição especial com gravações de cantores que participaram da primeira temporada lírica do Municipal do Rio, em 1910.
Exposição
Será lançada também a Copa de Fotografia 2020, com fotógrafos profissionais e amadores de todo o estado. É um concurso que existe desde 2018 e do qual o Theatro Municipal foi tema nos anos anteriores. A edição deste ano terá duas categorias. Na primeira, os participantes dos anos passados podem inscrever uma foto antiga, que não tenha participado dos outros concursos.
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Na segunda mostra, denominada Lembrança do Municipal, o público poderá enviar uma foto do seu acervo pessoal referente ao Municipal do Rio de Janeiro, que tenha sido tirada em uma visita guiada ou em um espetáculo e que seja publicada nas redes sociais com a hashtag #111anostheatromunicipal. “As melhores fotos serão expostas nas nossas redes e concorrerão a prêmios”, afirma Aldo Mussi.
Vídeos
A programação comemorativa inclui ainda o lançamento de vídeos feitos especialmente para o aniversário. Um deles é À Margem, uma produção dos bailarinos do Corpo de Baile do TMRJ, com seis episódios que serão exibidos na íntegra no dia 14, em comemoração aos 111 anos. Inspirada no ballet O Lago dos Cisnes, a série é dirigida pela coreógrafa Patrícia Miranda.
Na semana do aniversário, o Centro de Documentação (Cedoc) do Theatro Municipal vai disponibilizar a exposição sobre Antônio Francisco Braga, o primeiro maestro da Orquestra Sinfônica, com acervo com vídeos, fotos e programas dos quais Braga participou. “Ao longo do mês, vamos soltando algumas surpresinhas que vão aparecer”, prometeu Aldo Mussi.