Foi-se o tempo em que o pretinho básico era um trunfo apenas do guarda-roupa feminino. Aposta de vários profissionais que buscam um ar moderno e descolado na decoração, os tons mais escuros, aos poucos, vêm deixando de ser um tabu em ambientes internos. E mais: usado da maneira correta, o preto pode até “aumentar” o espaço, em vez de reduzi-lo, efeito que ainda é considerado senso comum. Para proporcionar sensação de profundidade, a dica de quem entende do assunto é priorizar superfícies planas, ou seja, a bancada da cozinha ou do escritório, as portas de armários e outros móveis. Os arrojados podem até mesmo pintar uma ou mais paredes. “Além de proporcionar esse aspecto contemporâneo e sofisticado, a opção ajuda a esconder imperfeições e funciona como um ótimo pano de fundo para objetos que mereçam ser realçados na decoração”, ressalta o arquiteto Mauricio Nóbrega, que recorre bastante aos tons escuros em seus projetos de cozinhas e banheiros.
Para usufruir a elegância do preto, porém, é preciso ater-se a algumas recomendações. Em ambientes de passagem, como corredores e lavabos, o recurso pode ser explorado sem medo. Nos quartos, no entanto, a orientação é limitar sua presença a acessórios, móveis e a no máximo uma das paredes. “Nesse caso, o ideal é deixar o teto e o restante das paredes em branco”, sugere a arquiteta Carolina Freitas. Um detalhe importante para evitar a criação de uma atmosfera sombria é a iluminação. Como as cores escuras absorvem a luz, não adianta apenas aumentar a quantidade de lâmpadas — um dos principais erros cometidos em projetos com prevalência do preto. A solução é escolher lâmpadas dicroicas quentes de LED, muito usadas para realçar quadros e esculturas. Outra dica: como há pouca reflexão da luz em cômodos escuros, a iluminação indireta também deve ser evitada. Tomados os devidos cuidados, pinte sem medo.