A triste contagem dos danos provocados pela catástrofe inclui onze mortos já identificados, pelo menos mais uma dúzia de desaparecidos e uma montanha de lama que, em movimento no curso do Rio Doce, deixa sua marca de degradação ambiental nas cidades por onde passa, ao longo dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, a caminho do mar. Tudo começou, como se sabe, com o rompimento de duas barragens onde se acumulavam dejetos produzidos pela mineradora Samarco, no último dia 5. Liberados, 62 milhões de metros cúbicos de lodo barrento destruíram o distrito de Bento Rodrigues, na cidade de Mariana, em Minas. Na segunda (16), no Centro, houve protestos em frente à sede da Vale — o gigante brasileiro dono da Samarco, ao lado da empresa anglo-australiana BHP Billiton. Manifestantes jogaram lama na fachada do prédio, pintaram-se de marrom e deitaram-se no chão, representando as vítimas fatais do desastre. Outro reflexo por aqui foi a corrente de solidariedade. Informações sobre pontos de coleta de donativos multiplicaram-se nas redes sociais, mobilizando um leque social variado que foi do Palácio Maçônico, na Rua do Lavradio, a fãs da cantora Rihanna. O empresário carioca Lucio Amorim criou o site colaborativo Rio Doce Help!, com o objetivo de concentrar a ajuda às vítimas, e caravanas se formaram para entregar os mantimentos diretamente, aproveitando o feriado de sexta (20). Duas reações diversas mas não excludentes entre si, indignação e ajuda refletiram a forma como os cariocas se posicionaram diante do desastre e serviram como libelos contra o descaso e a impunidade.