Uma pesquisa realizada pela prefeitura do Rio mostrou um tipo de violência que ainda há quem insista em não ver: 67% das pessoas trans e travestis cariocas já sofreram algum tipo de violência pelo fato de serem transexuais. Realizado com financiamento do projeto “Parceria para Cidades Saudáveis: Reposta para a Covid-19”, o levantamento foi liderado pela organização sem fins lucrativos Bloomberg Philantropies e pela organização Vital Strategies, em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
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Segundo o levantamento, 83% dos 526 entrevistados sofreram violência dentro da escola. Do total, 17% apontaram os próprios professores como agressores. Esse fator fez com que 29% das participantes da pesquisa deixassem os estudos. Já no momento de entrar no mercado de trabalho, 71% disseram que sofreram preconceito durante entrevistas de emprego. A pesquisa, feita entre julho e outubro de 2021, também revelou detalhes sobre a realidade socioeconômica, a escolaridade e o acesso ao mercado formal de trabalho por essa população. Uma em cada três pessoas ouvidas disse que faz apenas uma refeição por dia ou menos. Além disso, 43% das participantes relataram ter parado de estudar por falta de dinheiro. E 60% deles têm renda incerta ou insuficiente.
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“O lançamento desses dados que evidenciam a ausência de políticas públicas para a população trans é muito importante porque revela coisas que nós sempre falamos em rodas de conversa, nas universidades, na rua e em diversos debates. É muito importante que eles venham à tona, porque consolidam demandas para que a gente adquira políticas públicas para nosso povo trans carioca”, disse à CNN Wescla Vasconcelos, representante da associação que reúne trans no Rio de Janeiro. Ela lembrou que as pessoas trans têm seus direitos negados: muitas são expulsas de casa, não têm condições de terminar os estudos.
O Rio de Janeiro foi uma das 18 cidades selecionadas em todo o mundo para executar o programa de promoção à saúde da população trans e travesti. Segundo a Secretaria Municipal de Governo e Integridade Pública (Segovi), o município foi escolhido por meio de um edital lançado pela Bloomberg Philantropies para as 70 cidades que participam da Parceria para Cidades Sustentáveis.
“A população trans é a mais invisibilizada e para termos políticas públicas precisamos de dados”, lembrou o Coordenador Executivo da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio, Carlos Tufvesson.
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O projeto ofereceu acompanhamento para vacinação contra a Covid-19 e orientação sobre os serviços de saúde municipais. Ao todo, 723 pessoas trans e travestis foram atendidas pelo programa na primeira etapa. A segunda está prevista para ser lançada ainda no primeiro semestre deste ano.