No aperto, cariocas e fluminenses em geral pagam os pecados e a conta ao enfrentar todo tipo de problema nos transportes públicos. No que diz respeito à esfera estadual, o ir e vir da população passa por obstáculos como interrupção de atendimento nos ramais dos trens e redução da frequência das barcas, além de preços altos sem a contrapartida de bons serviços. A tarifa do metrô, de 6,50 reais, é a mais cara do país. Já a dos trens foi congelada em 5 reais até o fim do ano, por força de um acordo do governo com a SuperVia que prevê o desembolso de 251 milhões de reais pelo estado, como compensação de perdas na pandemia. Um novo caminho para os transportes é o esperado do novo condutor do estado, a ser eleito em outubro.
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Os candidatos a ocupar o Palácio Guanabara nos próximos quatro anos pretendem rever concessões como a da SuperVia. “Em todos os casos negociei para baixo, muito para baixo, os reajustes. E se realmente não tiver melhorado, tem toda a condição de a gente tomar uma decisão drástica, que é ‘reconcessionar’. Não estamos olhando somente para a SuperVia, mas para todo o sistema”, afirma o governador Cláudio Castro (PL), que pretende continuar no cargo e também tem intenção de rever a concessão da Barcas S/A . A concessionária quer entregar a gestão do sistema por causa dos trajetos deficitários (Paquetá e Cocotá). Castro lembra que abriu duas licitações para concluir a estação da Gávea da Linha 4 do metrô, mas não houve interessados. “E estamos negociando para terminar a obra civil. É uma negociação que envolve o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e com a concessionária antiga”, observa.
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Citando que 80% da população do estado vivem na cidade do Rio, que representa 20% do território fluminense, Rodrigo Neves (PDT) considera prioritário investir no transporte sobre trilhos. Neste sentido, propõe inclusive “encampar provisoriamente a SuperVia“: “Vamos retomar a concessão e assumir a administração do serviço para colocar tudo no devido lugar de modo a atender às necessidades dos passageiros”, planeja. No metrô, o projeto prioritário interligar as estações Estácio e Carioca, passando pela Cruz Vermelha, além de concluir a estação da Gávea, fazer a ligação da Pavuna para a Baixada Fluminense e investir na chamada Linha 3, rumo a Itaboraí, passando por São Gonçalo e Niterói.
Para Marcelo Freixo (PSB), o caminho para resolver os problemas na SuperVia passam por reduzir o preço da passagem, através do Bilhete Único Solidário: “Subsidiaremos o valor para quem mais precisa, e diminuiremos o tempo de espera e de viagem”, propõe, acrescentando que vai reformar as estações, para fortalecer o comércio, gerar emprego e renda na região. “Nós também vamos integrar as barcas, trem e metrô. É inaceitável que os moradores da Baixada e da Zona Oeste percam todos os dias quatro horas se deslocando no transporte público”, conclui.
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Candidato do PMB, o ex-governador Wilson Witzel diz que, se reconduzido ao cargo – do qual foi afastado por impeachment -, caso o TRE confirme sua candidatura, vai providenciar um estudo viário com vista à reorganização do trânsito e a otimização do sistema de transporte, inclusive por meio de obras de construção e alargamento de pistas e aumento de ciclovias. Ele também apresenta em seu programa de governo a proposta de criação do Bilhete Único da Região Metropolitana, uma concessão de 200 bilhões de reais: “Vamos fazer um grande projeto de Concessão para Mobilidade Urbana da Região Metropolitana, que nos permitirá criar o bilhete único com tarifa compatível ao serviço prestado e faremos um estudo para viabilizar o aumento do tempo e do número de modais ao cidadão”. A proposta inclui a revisão dos contratos de concessão do metro, trem e barcas.
Paulo Ganime (Novo) também defende que os contratos com as concessionárias precisam ser “revistos e balanceados”. “As condições dos contratos mudaram, o volume de passageiros reduziu. Não há como o estado não subsidiar parte das operações”, afirma acrescentando que pretende investir na segurança, para que não haja roubo de cabos e nem assaltos dentro dos trens. “Vamos subsidiar o bilhete único com três viagens e, principalmente, fazer uma revisão robusta dos fluxos de passageiros e integrar com demais meios de transportes, que precisam ser complementares e não concorrentes”, diz. Ele também avisa que vai abrir novos editais para licitação de transportes movidos a energia limpa e recuperar as estradas estaduais.
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Na direção oposta, Cyro Garcia (PSTU), Eduardo Serra (PCB) e Juliete Pantoja (Unidade Popular) querem “reestatizar” trens, metrô e barcas. “E colocar o controle das empresas nas mãos dos próprios trabalhadores do setor de transporte e da população usuária do serviço, através de Conselhos Populares, com audiências públicas que coloque o funcionamento dessas empresas sobre controle direto da população, focada no serviço e não na geração de lucros”, explica Cyro. Já Serra tem como proposta a criação de uma empresa pública para atuar nos diferentes modais. “Dessa forma reduziremos as tarifas em 50% no curto prazo e, mudando a forma de financiamento do sistema, caminharemos para a tarifa zero, investiremos na recuperação e expansão da SuperVia, do Metrô Rio, do VLT e das barcas, que passarão a ligar o centro do Rio, além de Niterói, à Baixada e a São Gonçalo”, planeja. Já Juliete acredita que com os trens estatizados o lucro das passagens pode ser usado para reinvestir no sistema. O candidato do PCO, Luiz Eugenio Honorato, não respondeu as perguntas enviadas sobre o tema.