Um número recorde de feminicídios foi registrado no Rio no ano passado: foram 110 casos. Ou seja, a cada três dias, uma mulher foi morta no estado. O dado do Instituto de Segurança Pública (ISP), que divulgou nesta quarta (8) o Dossiê Mulher 2022, é o maior índice da série histórica do instituto, iniciada em 2016. Em 2021, foram registrados 85 crimes de ódio contra mulheres — 47,1% observados no interior e 29,4% na capital fluminense.
+ Festival no Estação homenageia diretoras pioneiras do cinema brasileiro
Apenas em janeiro deste ano, foram registrados mais nove casos de feminicídio. Ainda não entraram na estatística do ISP as mortes de mulheres que ocorreram no mês de fevereiro, como da diarista Pamela Gonçalves de Lima, que foi esfaqueada e enterrada no quintal de casa pelo próprio companheiro em Guaratiba, na Zona Oeste. O autor do crime, André Luiz Brito de Souza, confessou o assassinato após ser preso.
Outro dado alarmante que envolve a violência contra a mulher no estado é referente ao crime de perseguição ou stalking — ato de perseguir alguém incessantemente, ameaçando a liberdade e privacidade da vítima. Em 2021, o estado do Rio registrou 604 casos. Na maior parte deles (87,1%), o crime foi cometido por companheiros ou ex-companheiros, e cerca de 59% ocorreu em residências.
O stalking foi tipificado em 2021 no Código Penal, assim como o crime de violência psicológica, a partir da criação das lei nº 14.132/2021 e nº 14.188/2021. Segundo o Dossiê Mulher 2022, foram identificadas naquele ano 666 vítimas de agressão psicológica. Esse tipo de violência pode causar danos emocionais ao prejudicar a autoestima da vítima, além do controle sobre suas ações e decisões, seja por meio de ameaças, humilhações, manipulação e outros.
Somando todos os registros de violência contra a mulher nas delegacias de polícia do estado em 2021, foram 78.318 ocorrências . O número é 10% maior em
relação ao ano anterior. Mais de 18.000 casos relataram mais de uma forma de violência cometida, sendo as que mais ocorreram de forma simultânea: a violência moral e a psicológica (36,0%), a violência física e a psicológica (22,8%) e a violência física e a moral (13,8%).
+ Nada para comemorar: casos de violência contra a mulher sobem 45% no Rio
Nesta quarta (8), Dia Internacional da Mulher, ações de conscientização e apoio ao público feminino ocorrem pela cidade. Promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Governo do Estado, o programa Empoderadas marca presença em estações do Metrô Rio e dos trens da Supervia para orientar as passageiras sobre serviços de apoio a vítimas da violência.
Na estação Carioca do metrô, das 6h às 9h e das 17h às 20h, agentes tiram dúvidas e orientam passageiras sobre como identificar casos de agressão e abuso. Já na Central do Brasil, das 10h às 18h, trinta professoras de artes marciais ensinam noções de defesa pessoal, em um tatame de cem metros quadrados. Ainda são oferecidos no espaço outros serviços gratuitos, como corte de cabelo, manicure, aferimento de pressão, além de auxílio para a retirada de documentos pessoais.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui