VEJA RIO e Colégio de A a Z trazem resultado do Enem
Redação sobre educação de alunos com surdez praticamente elimina os riscos levantados com a polêmica judicial em torno dos direitos humanos
Com o tema “Desafio para a Educação de Surdos”, a prova de redação do Enem praticamente desarmou a polêmica judicial que se instalou nos últimos dias em torno da proibição de argumentos que confrontassem princípios básicos dos direitos humanos, de acordo com o professor Rafael Pinna, do Colégio e Vestibular de A a Z. “O tema envolve sim os direitos humanos, já que tanto a Declaração Universal quanto a nossa Constituição dizem expressamente que a educação deve ser para todos. Entretanto, não abre espaço para discursos de ódio”, avalia. “Por isso fica para segundo plano, pragmaticamente, a polêmica sobre a retirada do critério que zerava redações desse tipo”.
De acordo com o professor, mais uma vez, o Enem apresenta um tema que demanda um exercício de empatia e sensibilização por parte do estudante. “As estatísticas mostram que a maior parte das crianças surdas não tem acesso à educação e, por isso, não estão ‘visíveis’ à sociedade”, diz.
Quanto à construção de seus textos, os alunos tinham uma série de possibilidades de acordo com Pinna. Uma delas, por exemplo, era discutir o treinamento e o desenvolvimento de professores, de modo a que conheçam melhor os desafios dos estudantes com deficiência auditiva e as ferramentas disponíveis para a inclusão. Um seguindo caminho era o desenvolvimento e redução de custo de tecnologias de aprendizado, de maneira a reduzir as barreiras impostas pelas linguagens tradicionais, basicamente livro e quadro.
“Há um risco para o aluno: ele deve perceber que o tema fala ao mesmo tempo sobre educação e sobre pessoas com deficiência auditiva. Dessa forma, falar genericamente sobre educação ou sobre pessoas com deficiência auditiva pode não atender perfeitamente à exigência da banca”, alerta o professor. “Talvez alguns alunos se assustem em um primeiro olhar, pois o tema parece mais específico, sobre pessoas com deficiência. Contudo, uma vez que ele perceba que a discussão envolve educação e grupos com dificuldade de inclusão, é possível desenvolver o tema a partir de uma perspectiva democrática, demonstrando a necessidade de que essa educação inclusiva ocorra, como parte de um projeto de cidadania plena”., conclui.
VEJA RIO e o Colégio e Vestibular de A a Z estabeleceram uma parceria voltada aos estudantes que vão fazer o Exame Nacional de Ensino Médio e, nos dias 5 e 12 de novembro, Pinna e outros professores da escola realizarão a correção das duas provas em uma transmissão ao vivo pelo Facebook de VEJA RIO.