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Tremendo braseiro

Família de fundadores move ação contra executivos que administram a rede Porcão

Por Alessandra Medina
Atualizado em 5 dez 2016, 16h09 - Publicado em 22 jul 2011, 18h07
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  • Empresas de família, dessas que nascem sob um mesmo sobrenome, tendem a encarar uma encruzilhada num determinado momento de sua existência. Para tornar a gestão mais profissional e ganhar competitividade em um mercado cada dia mais exigente, muitas vezes a solução é cortar o cordão umbilical que as une a seus fundadores. Algo traumático, devido aos evidentes laços afetivos, mas em certos casos necessário. Criada pelos primos gaúchos Neodi e Valdir Mocellin em 1975, no Rio de Janeiro, a churrascaria Porcão tornou-se um conglomerado com seis filiais no país, 1?200 funcionários e faturamento anual de 250 milhões de reais. Entretanto, experiências malsucedidas no mercado exterior abalaram sua saúde financeira e precipitaram mudanças. Na tentativa de sair do sufoco, a rede teve seu controle transferido para o Brasil Food Service Group, divisão gastronômica do fundo de investimento Brasil Private Equity (BPE), que ficou com 53% do negócio. A família e o grupo pareciam falar a mesma língua até que o agressivo plano de expansão do BPE causou uma cisão e pôs em xeque o acordo. Detentores de 47% das ações, os Mocellin ? com o pai, Neodi, e a filha, Amanda, à frente ? foram à Justiça questionar uma operação financeira para captação de recursos feita pelo fundo. Diretor do BPE, José Ricardo Tostes rebate: “Essa é a hora de expandir”, diz.

    A insatisfação, diga-se, é recíproca. O resultado de uma auditoria feita a pedido dos novos gestores trouxe surpresas. Segundo eles, a consultoria contratada constatou erros administrativos básicos, como a compra de mercadorias isoladamente pelas filiais, em vez de ser feito um pedido unificado para baratear a transação. Porém, o que mais deixou os executivos de queixo caído foi a verba de 2 milhões de reais mensais destinada a cortesias, ou seja, bocas-livres, a exemplo de convites feitos a jogadores de futebol e artistas que transformaram a churrascaria numa extensão de casa. “Com esse dinheiro, em um ano dava para abrir dois estabelecimentos”, afirma Lucas Zanchetta, diretor de operações e expansão do BPE. Apesar da desavença entre os sócios, os projetos de expansão seguem de pé. Nos próximos dez meses, serão inauguradas oito unidades no Brasil e uma em Miami. Além da abertura desses pontos, as lojas passarão por reformas. A primeira a entrar em obra é a filial de Ipanema, a partir do próximo fim de semana, mas sem fechar as portas. Outra modificação prevista é incrementar o cardápio de sobremesas, tarefa que será entregue a um chef de renome. Novidades em sucessão, tal qual o desfile de carnes num rodízio.

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