A imagem acima, retirada de um vídeo feito por moradores do Morro da Providência, no Centro, na última terça (29), atingiu em cheio a reputação da Polícia Militar do Rio, que, diga-se, está longe de ser boa. A cena, capturada furtivamente com um celular a partir de uma janela, flagra a ação criminosa de cinco policiais — Éder Ricardo de Siqueira, Gabriel Julião Florindo, Riquelmo de Paula Geraldo, Paulo Roberto da Silva e Pedro Victor da Silva Pena. No vídeo, um dos PMs pega a mão do menor Eduardo Felipe Santos, de 17 anos, estendido no chão depois de ser atingido por um tiro, coloca nela uma arma e realiza dois disparos contra os muros da favela. A intenção óbvia do gesto era deixar rastros de pólvora na mão do jovem morto, forjar uma situação de enfrentamento e, com isso, mascarar uma execução sumária. Todos os policiais fazem parte do programa de UPPs, um dos pilares da política de segurança pública na capital, e estavam a serviço da unidade instalada na favela. Diante da gravidade dos fatos, o governador Luiz Fernando Pezão se desculpou com a população: “É abominável, muito triste saber que um agente do Estado agiu dessa forma”. Em meio às cenas dantescas, chama atenção um detalhe: à exceção do soldado Éder Siqueira, que chegou à PM em 2011, todos os demais entraram em 2014. Ou seja, são justamente parte de um contingente que se esperava estar livre das condutas ilegais e criminosas dos policiais-bandidos do passado, aqueles apelidados de “banda podre”. O registro realizado no Morro da Providência, além de chocar, acabou por abalar a confiança dos cariocas no futuro da corporação.