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Viúva de Marielle Franco escreve carta à vereadora no Dia dos Namorados

A arquiteta Monica Benício e a parlamentar Marielle iriam celebrar 13 anos de relacionamento em 2018 e faziam planos de se casar

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
12 jun 2018, 13h33
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    A falta q ela me faz a cada segundo dos últimos 90 dias da minha vida transformaram o Luto em verbo. Não há nada mais legítimo que amar. Seguiremos amando. . "Companheira me ajuda que eu não posso andar só. Eu sozinha ando bem, mas com vc ando melhor.". Vamos juntxs. 💜💛. #M2 #ADMV #marielleemonica #nossasvidasimportam #porqueeraelaporqueeraeu #nossafamiliaexiste #orgulholgbt #love #loveislove #quemmatoumarielle #mariellefranco

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    Neste Dia dos Namorados, às vésperas de o assassinato de Marielle Franco completar três meses ainda sem respostas, a arquiteta Monica Benício, viúva da vereadora, decidiu homenageá-la com uma bela declaração de amor em forma de carta. O casal estava prestes a completar 13 anos de relacionamento e faziam planos para se casar em 2019.

    Na carta, Monica cita um dos dias mais duros na vida da parlamentar, quando o Projeto de Lei da Visibilidade Lésbica foi rejeitado por apenas dois votos. Marielle ligou chorando para a companheira, que agora quer continuar lutando pela causa. “Nossa história de amor representa força inspiradora para a luta (…) Reafirmamos todos os dias que não daremos nenhum passo atrás pelo direito de amar”, escreveu Monica.

    Leia na íntegra a carta de Monica Benício:

    “’As rosas da resistência nascem do asfalto. A gente recebe rosas, mas estaremos de punho cerrado, falando do nosso lugar de existência contra os mandos e desmandos que afetam nossas vidas’. Assim minha companheira Marielle Franco se pronunciou em plenário na Câmara Municipal no dia 8 de março. A data de luta das mulheres também imprime nossa resistência a todas as formas de opressão.

    E foi assim, com luta e resistência, que Marielle enfrentou dias muito difíceis no exercício do seu mandato como vereadora, pois ser mulher negra, lésbica, feminista, favelada e de esquerda em um parlamento repleto de homens brancos e ricos, símbolos do atraso político deste país, foi por todo tempo um ato de persistência. Um dos dias mais dolorosos foi o da tentativa de aprovação do Projeto de Lei da Visibilidade Lésbica, rejeitado por apenas dois votos.

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    Este era um debate que tocava pessoalmente Marielle: o veto ao projeto era uma expressão clara da negação de sua vida pessoal, da negação do nosso amor. A “fortaleza” com que se apresentava no plenário não era a mesma de quando estamos juntas. Profundamente abalada, foi ao banheiro me ligar e chorou. Como sempre fazíamos, nos tranquilizamos e nos fortalecemos. Mesmo triste, ela voltou ao plenário com força para se posicionar.

    Lembrar isso neste Dia dos Namorados significa reafirmar nosso amor e nossa luta. Hoje, 90 dias após minha mulher ter sido executada num crime político, no centro de uma das principais capitais do mundo, continuaremos exigindo resposta, mas não uma resposta qualquer. E reafirmamos todos os dias que não daremos nenhum passo atrás pelo direito de amar.

    No país que mais mata sua população LGBTI e que nega direitos às chamadas minorias políticas, Marielle e nossa história de amor representam força inspiradora para a luta, mas também, e, principalmente, para o livre exercício do afeto e dos sentimentos. Seguiremos a todo tempo reafirmando que existimos, que nossas vidas importam. E, assim, por ela, por nós, continuaremos lutando para que nada nos sujeite, e que o que nos defina seja sempre o amor.”

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