Se em Londres, Nova York ou São Paulo os inferninhos subterrâneos abrigam concorridos points da noite, no Rio a farra é dois andares acima. Ambientados na parte superior de bares e restaurantes, os chamados ups diversificam as atrações com a realização de festas e shows, e assim ajudam a aumentar a frequência. A próxima novidade com esse perfil a desembarcar por aqui é o Studio RJ, filial da badalada casa noturna paulistana, famosa por abrir espaço a artistas promissores, como as cantoras Céu, Nina Becker e Tulipa Ruiz, além do grupo Mombojó. Ela funcionará em cima do bar Astor, em Ipanema, onde até 1994 esteve em atividade o Jazzmania. Fazia três anos que o empresário Ale Youssef, dono do Studio SP, procurava um imóvel no Rio. “Quando surgiu essa oportunidade, logo descartei as demais alternativas”, diz ele, que terá como sócios no empreendimento o produtor Plínio Profeta e o proprietário do ponto comercial, Luís Antônio Cunha. “Ser vizinho do Astor vai fazer a diferença. Certamente haverá uma interseção de público dos dois lugares”, aposta Youssef.
A vocação carioca de converter “lajes” em palcos musicais começou nos anos 90. Inicialmente, deveu-se à carência de espaços para a realização de espetáculos de menor porte. Dois dos pioneiros foram o Far Up, na Cobal do Humaitá, e o Hipódromo Up, que chegou a receber apresentações mais intimistas de renomados artistas nacionais e estrangeiros, a exemplo da banda australiana Men at Work e dos grupos Titãs e Paralamas. Hoje, a casa situada sobre um dos botecos mais cheios do Baixo Gávea acolhe exibições de comediantes, cantores em início de carreira e eventos diversos. A festa de lançamento do filme Tropa de Elite 2, no ano passado, foi lá. Entre os debutantes, o mais recente fica em Ipanema. Desde o mês passado, o terceiro andar do boteco Conversa Fiada recebe o projeto Corujão da Poesia, sarau artístico apadrinhado por Jorge Ben Jor e que acontecia na extinta livraria Letras e Expressões, do Leblon.
Ecléticos, esses animados “puxadinhos” podem ser tanto em espaços fechados como em terraços. Na categoria ao ar livre, destacam-se o The Maze, na favela Tavares Bastos, no Catete, com noitadas dedicadas ao jazz e ao rock progressivo, e o Espaço Acústica, perto da Praça Tiradentes. Já no Caroline Café, no Jardim Botânico, e no Café del Mar, em Copacabana, o programa duplo é fazer uma refeição no térreo e depois queimar as calorias na pista de dança do segundo pavimento. Mas o formato pouco importa. O fato é que as baladas cariocas atravessam a madrugada e, muitas vezes, têm literalmente o céu como limite.