1 Roberto Carlos não foi batizado na infância, mas sim aos 23 anos, quando já fazia certo sucesso.
2 Usou chupeta até os 8 anos.
3 Como regra, só contrata um novo músico para sua orquestra quando um dos integrantes morre. Há quem esteja com ele faz quase cinquenta anos, como o percussionista Dedé e o pianista Wanderley.
4 Há três décadas não entoa Quero que Vá Tudo pro Inferno, justamente a canção que o alçou ao posto de rei da música brasileira.
5 Só admite que uma pessoa entregue a ele no palco as flores que joga para as fãs no fim dos shows: é o percussionista Dedé, que um dia chegou a brincar com os jornalistas: “Não me confundam, eu sou músico, não sou florista”.
6 Não passa por cima de cabos de som ou fios elétricos. No palco, tudo tem de estar embutido ou encostado nas paredes.
7 No último Carnaval, virou de costas para a avenida e desligou as TVs de seu camarote durante o desfile da Unidos da Tijuca, porque a escola exibia caveiras e caixões.
8 Ele não tolera mesmo nada fúnebre. Uma vez, Erasmo Carlos chegou ao prédio do parceiro levando uma lápide em seu carro, para pôr no túmulo de um parente. Sem o amigo saber, o rei mandou o porteiro retirar a laje do veículo e levá-la para bem longe.
9 Em 1993, pediu autorização a um padre para gravar uma canção cuja letra fazia referências a namorar num domingo.
10 Há 43 anos, exibe no peito o medalhão do Sagrado Coração de Jesus, presente de uma freira que tinha sido sua professora.
11 Tem pendurado um anel de pedra vermelha no mesmo cordão.
12 Mais antiga que o medalhão e o anel é a pulseira de prata com as iniciais RC, em seu pulso há 46 anos.
13 Tem cisma com o número 13. Não se senta nessa poltrona em avião nem fica no 13º andar de hotel. Curiosa-mente, seu nome, Roberto Carlos, tem treze letras.
14 É muito apegado a objetos. Num show no Canecão em 1978, apesar de lhe oferecerem trinta tipos de peruca de palhaço, ele fez questão de subir ao palco durante toda a temporada com a mesma peça.
15 Não costuma compor para novelas, pois sempre questiona o caráter dos personagens, que para ele devem ser bons e felizes.
16 Abriu uma exceção e cedeu uma música à trilha de Viver a Vida, de Manoel Carlos, para embalar o amor do casal protagonista (José Mayer e Taís Araújo). Como na trama rolaram brigas, traição e a separação dos personagens, Roberto ficou chateado.
17 Não gosta de dar outro título a seus álbuns que não seja o próprio nome. Há pouquíssimas exceções.
18 Só sai pela mesma porta por onde entrou. “Essa é uma superstição que procuro seguir à risca”, disse certa vez.
19 Roberto é o único artista de nossa música popular que não dá bis. Só abre exceção no exterior.
20 Desde os anos 70, usa o mesmo modelo de microfone, com pedestal dobrável.
21 Parece gostar mais de baleia do que de qualquer outro animal. Em quatro canções cita o cetáceo.
22 De 1999 para cá, suas letras só retratam amores sem conflitos e felizes. Brigas, separações, desencontros e ciúme são tópicos enterrados em seu passado, como nos hits Fera Ferida e Sua Estupidez.
23 Além de não mais compor sobre romances problemáticos, ele modifica clássicos que resvalem em desamor. Em Além do Horizonte (1975), o verso “se você não vem comigo, nada disso tem valor” virou “porque você vem comigo, tudo isso tem valor”.
24 A moda do cabelo comprido já passou para quase todo mundo, menos para os argentinos e para Roberto Carlos.
25 Em relação à cabeleira, tem cuidado extremo: usa cinco secadores.
26 É famoso, milionário, mas nas capas de discos está sempre com uma expressão triste.
27 O artista que definiu Erasmo Carlos como “amigo de fé, irmão camarada” quase não vê o parceiro, tampouco lhe telefona.
28 Só dá autógrafos em papéis em branco. Em jornais e revistas, jamais, porque podem ter notícias ruins.
29 Obsessivamente perfeccionista, continua retrabalhando as canções de seus discos mesmo depois de lançá-los. E faz uma cópia só para si.
30 Como em seu primeiro compacto de sucesso o lado B continha uma música de Helena dos Santos, Roberto cismou que sempre gravaria uma canção da autora. Só que às vezes não gostava da safra que ela lhe dava. A solução foi ele próprio compor Do Outro Lado da Cidade (1969) e tascar nos créditos Helena dos Santos.
31 Diz que gosta de futebol e é vascaíno, mas nunca foi a uma partida de seu clube, nem da seleção.
32 Foi uma criança vira-casaca. Antes de ser Vasco, torceu por Botafogo e Flamengo.
33 Já compôs quase trinta músicas religiosas e só se permitiu usar duas rimas para Jesus: luz e cruz.
34 Nunca se apresentou no Japão.
35 Tenta ocultar seus primeiros discos. Quatro singles em 78 rotações e o LP Louco por Você (1961) jamais tiveram sua autorização para ser relançados. No total são vinte canções proscritas.
36 Em 2007, suspendeu as vendas de um livro que lhe é totalmente favorável, a biografia Roberto Carlos em Detalhes, de Paulo Cesar de Araújo. O homenageado foi à Justiça, apreendeu 11 000 exemplares e os trancou num galpão. “Minha história é um patrimônio meu. Quem escreveu esse livro se apropriou desse patrimônio e o usou em seu benefício”, reclamou.
37 Há vinte anos promete lançar uma autobiografia. Mas, numa entrevista em 2004 ao repórter Geneton Moraes Neto, deu a seguinte resposta sobre o que poria no verbete Roberto Carlos de uma enciclopédia: “Não escreveria, porque, para mim, é complicado falar de mim mesmo. Canto o que sinto. Paro por aí. Não fico me analisando”.
38 Extirpou O Careta do álbum de 1987, que em vez de dez traz agora uma faixa a menos. Foi condenado por plágio e, irritado com a decisão judicial, baniu para sempre a música de seu repertório.
39 Tem birra com o mês de agosto e tenta não estrear nada nessa época.
40 Comemora o réveillon uma hora depois da meia-noite, pois segue o “horário de Jesus”, e não o de verão.
41 Durante um bom tempo, ficou sem pronunciar a palavra “mal”. Por isso, alterou o hit É Preciso Saber Viver, deixando-o sem sentido: “Se o bem e o bem existem, você pode escolher”.
42 Enredo da campeã Beija-Flor, ele vetou que seu rosto fosse estampado nas camisetas da escola. A agremiação teve de inutilizar 4 000 peças.
43 Tem obsessão pela palavra “emoções”. Sempre consegue um jeito de incluí-la nas entrevistas, independentemente do assunto.
44 Há treze anos não assina sequer uma música romântica com Erasmo. Resolveu que letras de amor ele deve fazer sozinho.
45 Apesar de não ter visto o filme, apoiou a censura a Je Vous Salue Marie (1986), de Jean-Luc Godard. Roberto mandou até telegrama saudando o presidente José Sarney pelo veto à exibição da obra. O autor de Jesus Cristo e Nossa Senhora justificou ser contra o longa porque ele “mexe com divindades”.
46 O rei não dá entrevista a Marília Gabriela. Justificativa: a TV Globo não o libera.
47 Mas, em 1998, ele foi ao programa de Jô Soares no SBT, emissora que era a principal concorrente da Globo.
48 Vá entender! Em 2000, Jô Soares retornou à emissora carioca e desde então convida Roberto Carlos para seu talk-show. Em vão.
49 Mandou cortar vários trechos de sua entrevista ao programa Quem Tem Medo da Verdade? (1970), quando a TV Record reapresentou a série dez anos depois. “Aqueles assuntos não têm mais nada a ver com a realidade atual”, justificou naquela época.
50 Deixa de interpretar clássicos da MPB porque implica com ideias ou versos. Não quis cantar As Rosas Não Falam, de Cartola, pois conversa com plantas. E não aceitou Se Eu Quiser Falar com Deus, de Gilberto Gil, por causa do trecho “tenho que lamber o chão dos palácios”.
51 Impede a inclusão de faixas-bônus ou takes alternativos em projetos de álbuns especiais.
52 Invariavelmente se atrasa para os compromissos. Coletivas marcadas para as 3 da tarde costumam começar duas horas depois.
53 Há músicas que parece ter cantado só no dia da gravação, pois nunca mais as incluiu em shows. Exemplos: Querem Acabar Comigo, As Canções que Você Fez pra Mim, O Astronauta, À Janela, Uma Palavra Amiga e Só Vou Gostar de Quem Gosta de Mim.
54 Em 1979, não só proibiu como mandou incinerar milhares de exemplares do livreto O Rei e Eu, escrito por um ex-mordomo seu.
55 Quando escreve uma letra, não risca, não rabisca nem põe setas no papel.
56 Deu tiros de revólver para o alto ao ser xingado por uma turba em São Paulo, em 1966. Respondeu por porte ilegal de arma e foi absolvido, alegando legítima defesa.
57 Podia morar em Ipanema, Leblon ou Barra da Tijuca, mas optou, há três décadas, pela Urca, bairro com apenas uma entrada e uma saída, com quartéis e fortalezas.
58 Nos anos 90, desprezou o camarim de 100 metros quadrados do antigo Metropolitan porque, segundo ele, era longe do palco. Ergueu um contêiner-camarim mais próximo.
59 Usa papel higiênico para abrir torneiras em banheiros públicos.
60 Sempre que lhe perguntam se gosta de ser chamado de rei, diz que não se sente como tal. Ocorre que, em 1968, registrou o filho como Roberto Carlos Braga II, em algarismos romanos.
61 A amputação de parte de uma perna é tema proibido. “Não gosto de falar disso porque é uma coisa superadíssima”, disse há alguns anos.
62 Fez duo com Caetano Veloso nos festejos dos cinquenta anos da bossa nova, mas não participa de espetáculos nem de discos em tributo à jovem guarda, movimento que o consagrou.
63 Detesta a fama de conquistador. Processou o escritor Ruy Castro, que, em reportagem na revista Status, contou histórias sobre algumas de suas namoradas. Na época, o jornalista desabafou: “Acho que é a primeira vez que alguém é processado por chamar o outro de garanhão”.
64 Não pronuncia a palavra “azar”. Em Negro Gato, de Getúlio Côrtes, mudou “nessa minha vida sempre dou azar” para “essa minha vida é mesmo de amargar”.
65 Faz músicas para taxistas, caminhoneiros, gordinhas, baixinhas, quarentonas e até mesmo para sua titia Amélia. Quem mais faz música para tias?
66 Não fecha contratos na lua minguante.
67 Jamais volta uma fita de gravador.
68 Deixa “para as almas” os últimos pedaços de qualquer coisa que estiver comendo.
69 No seu site oficial, há um espaço para reproduzir “o que diz a imprensa sobre Roberto Carlos”. De fato, está quase tudo lá, menos as reportagens que ele não autoriza, como as matérias sobre a chamada Lei das Biografias.
70 Embora tenha site, diz não querer maior intimidade com a internet. Declarou certa vez: “Não navego muito, porque isso pode me pirar” .