O governador Wilson Witzel reforçou o pedido de quarentena e anunciou a doação de cestas básicas para um milhão de famílias, em pronunciamento feito à imprensa e entrevista coletiva nesta quarta-feira (25), no Palácio Guanabara, Zona Sul do Rio. Witzel, que antes do encontro com a imprensa participou de uma reunião de governadores com Jair Bolsonaro, contou que foi tratado “com muito respeito” pelo presidente e que saiu “otimista” da reunião.
Na véspera do encontro, Bolsonaro fez um pronunciamento criticando o “confinamento em massa”, no qual pedia a reabertura do comércio e das escolas (medidas adotadas no Rio por Witzel). O presidente exaltou seu passado de atleta – o que, segundo sua teoria, diminuiria as complicações decorrentes de uma possível contaminação -, e pediu uma “volta à normalidade” no país. O discurso foi duramente criticado por autoridades e entidades civis. Para o governador, o pronunciamento do presidente não encontra eco nas opiniões técnicas e não tem validade jurídica alguma.
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“Pronunciamento é opinião. Para que tenha efeito na vida das pessoas, precisa se materializar num ato administrativo. Não adianta falar, é preciso colocar no papel. Seja numa MP, num decreto, para que possamos ou observar ou questionar junto no STF”, explicou. “Não levem em conta o que o presidente Jair Bolsonaro disse”. Wilson rechaçou qualquer possibilidade de mudança no protocolo nos próximos dias. “No momento não tem espaço para abertura do confinamento ou afrouxamento das medidas. Estamos preservando vidas”, destacou.
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Quatro de abril. Este parece ser o “Dia D” para uma reavaliação do governo sobre as medidas tomadas contra a propagação do Covid-19 no estado. “A avaliação dos técnicos do Ministério da Saúde é que depois de 4 de abril poderíamos fazer uma avaliação mais precisa do achatamento da curva e possibilidade de hospitalizar pessoas em situação mais grave”. Witzel também falou sobre a insegurança do empresariado em relação ao rumos da economia e disse estar atento a possíveis mudanças em suas decisões. “Sei da angústia dos empresários. Tenho no telefone mensagens desesperadoras de empresários que estão demitindo, sem uma luz no fim do túnel”, contou. “Estamos avaliando o tamanho da crise, ouvindo os especialistas, a partir do dia 4 podemos ajustar as medidas que tomamos”.
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O governador também anunciou um “mutirão humanitário” com a distribuição de cestas básicas a um milhão de famílias de baixa renda ou na faixa de pobreza. Na primeira fase, serão atendidos moradores da Baixada Fluminense, Rio, São Gonçalo e Itaboraí. “Só poderemos levar comidas às mesas das pessoas com a ajuda da sociedade. Fome não espera. Vamos vencer juntos essa epidemia. Guerra não se vence sozinho, se vence com toda a sociedade”.
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Apesar de “saber das angústias” dos empresários, o governador ameaçou aqueles que descumprirem as determinações das autoridades sanitárias e governamentais: “Atenção empresariado: quem não obedecer o que foi determinado está sujeito a responder por suas ações. A determinação é clara: fiquem em casa, home office é uma das soluções adotadas”.