Bem-humorado, bom de papo e um dos maiores nomes do samba e do pagode brasileiros. Foi assim que a jornalista Fabiane Pereira, colunista de VEJA RIO, apresentou o cantor e compositor Xande de Pilares. O artista estourou, no início dos anos 2000, com o grupo Revelação, em que permaneceu por 23 anos. Xande tem mais de 1 000 composições escritas.
A séries de lives musicais conduzidas pela jornalista e colunista de Veja Rio Fabiane Pereira acontece toda segunda, às 16h, no Instagram de VEJA RIO. Para quem perdeu o papo, é só assistir ao vídeo pelo IGTV.
Aos 50 anos, o sambista Xande de Pilares afirma que ainda está aprendendo. Entre as novidades na carreira, estão a composição de um rap. “Foi uma experiência que eu não tinha vivido, compor um rap. Fiquei muito feliz e orgulhoso”, disse ele sobre sua parceria com o cantor Emicida.
O sambista ainda revelou que a música foi a responsável por aliviar a timidez dele, que desde criança pensava em ser cantor. “Meu avô dizia que em cima do palco eu podia ser um personagem, mas fora dele eu tinha que continuar sendo o neto dele. Eu sempre me lembro disso”, contou emocionado. Nesta quinta (11), ele faz um show em casa, às 16h, que será transmitido em seu canal no Youtube.
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A arte cura
“Para manter o equilíbrio mental durante a pandemia, tenho lido livros que me chamam atenção, conversado bastante com amigos e fãs – pelas redes sociais – e, principalmente, compondo muito. Quando me perguntam se as coisas vão melhorar, eu respondo: devemos ter fé e paciência. Essas duas palavras me acompanham a vida toda. Eu tento me manter positivo todos os dias”.
Ressignificação
“Sempre presto atenção a tudo o que está acontecendo ao nosso redor. Para mim, uma música que componho é igual a um filho. Quero que ela saia por aí bem vestida, arrumada. Já vi vitrola virar CD, agora o CD está no streaming. Eu tento responder pessoalmente todo mundo que fala comigo pelas redes sociais. As pessoas até se espantam que sou eu mesmo que respondo. Mas é a minha forma de entender quem está me escutando”.
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Referências
“Tenho três grandes referências que são o Roberto Carlos, o Tim Maia e a Beth Carvalho. Não tinha mais de três anos quando comecei a gostar do Rei. Conheci o Tim Maia porque sou criado na Tijuca e era muito comum vê-lo por lá. Ele podia estar chateado, mas nunca passava isso para você. A história de vida dele é um exemplo para mim. E, por fim, a Beth Carvalho. Quando ela gravou uma música minha, eu nem acreditei. Ela me deu bons conselhos até o penúltimo dia de vida”.
Lives na quarentena
“É bom ter a liberdade das lives, mas não tenho mais idade para fazer um show de seis, sete horas de duração. As lives me dão a chance de fazer o que eu fazia na noite: cantar minhas músicas, as dos outros, improvisar. Gosto de música que todo mundo canta junto. É diferente de tocar para um público que pagou pelo show. Vamos tocar muita coisa, afinal de contas são mais de 20 anos de composição. E pretendo não repetir o repertório da última live”.
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Carnaval
“Seria melhor que nem tivesse tido Carnaval este ano. Eu gostaria muito que a folia acontecesse em 2021, mas se for para prejudicar a saúde da população é melhor que não haja. É melhor perder um dia, um momento, que a vida inteira”.
Quem não gosta de samba bom sujeito não é
“A geração atual acha que não existiram os anos 70, 80, 90. O samba ainda é ignorado. Quando comecei, cheguei em São Paulo com o grupo Revelação de peito estufado. Ninguém conhecia a nossa música. Muita gente tem vergonha de dizer que gosta de samba. É uma coisa antiga. Eu acho que a gente andou bastante, e as pessoas que deram essa oportunidade para a gente, como Zeca Pagodinho e Beth Carvalho, precisam ser prestigiadas”.
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Receita de sucesso
“Para ter uma música boa, é necessário ter uma boa melodia e uma boa mensagem. Não importa o tom. Eu escuto música para comemorar… Mas também ouço canções quando estou triste. E faço música para quem vai sair, para quem vai ficar em casa… O importante é combinar essas duas coisas. A melodia é a roupa da música. Sem ela, não dá”.