Criado em 2005, o YouTube é hoje um portento com mais de 1 bilhão de usuários — quase um terço da população total da internet. Nesse universo em expansão, dominado por estrelas pop e seus milhões de likes, há promissor espaço para a educação. A conhecida plataforma de vídeos consagrou-se como uma das principais bases de apoio na preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Atentos a uma geração de estudantes de perfil exclusivamente digital, professores investiram na gravação de videoaulas e na sua disponibilização on-line. O nicho cresceu tanto que, em 2013, o Google (dono do YouTube desde 2006) passou a reunir conteúdos educacionais no YouTube Edu — parceira no projeto, a Fundação Lemann avalia e aprova os canais. “A essência da plataforma se sustenta em dois pilares: democratizar o acesso à informação de qualidade e aumentar a diversidade na oferta”, diz Cauã Taborda, gerente de comunicação do YouTube no Brasil.
Hoje com 260 canais — na inauguração, eram 26 —, a plataforma educacional já alcançou 27 milhões de inscritos e 3 bilhões de visualizações. Na pesquisa VideoViewers, realizada pelo Instituto Provokers, 65% dos entrevistados afirmaram que acessam o YouTube quando querem aprender algo. “Isso é um sinal da crescente demanda e de como o YouTube se tornou referência na complementação dos estudos”, diz Taborda. Dentro da plataforma, os canais líderes de audiência, Me Salva e Descomplica, oferecem aulas preparatórias para o Enem. Em comum, as produções têm o clima descontraído e a curta duração. “Faço esquetes de humor, paródias, ensino truques e abordo questões filosóficas ligadas à matéria”, conta Rafael Procópio, do Matemática Rio, outro favorito entre os estudantes (veja o quadro). Há oito anos, ele postou seus primeiros vídeos. Diante da boa acolhida, o professor deixou as escolas para se dedicar exclusivamente à internet e, hoje, é embaixador do YouTube Edu.
Enquanto o Google foca a ampliação do negócio — até o fim do ano, levará treinamentos presenciais a cinco capitais brasileiras —, professores e instituições de ensino investem em empreitadas próprias. O Colégio e Vestibular de A a Z montou um estúdio de gravação em sua unidade da Barra da Tijuca. “A produção é intensa. Por semana, são 300 vídeos, com cerca de três minutos cada um, disponibilizados no site e no aplicativo da escola”, revela Bruno Rabin, diretor acadêmico da escola. “A utilidade dos vídeos como apoio vai depender do uso que se faz deles. É preciso esforço individual também”, alerta Rabin. Fica a dica para os 5 513 662 jovens que farão o Enem em 2018.