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Analice Gigliotti

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Comportamento
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Polêmicas na psiquiatria: canabidiol, teste genético e exame radiológico

Especialistas debatem sobre novidades na especialidade psiquiátrica

Por Analice Gigliotti
15 set 2023, 12h19
Caneta aponta um detalhe em exame de imagem.
Uso de exames de imagem na psiquiatria: um dos temas abordados no encontro. (Shutterstock/Reprodução)
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Qual a real utilidade do uso de exames de imagem em tratamentos psiquiátricos? Quais seriam os exames indicados e para quais doenças? Os testes farmacológicos são capazes de auxiliar no diagnóstico e em tratamentos? Canabidiol e THC realmente funcionam? Para tratar o que? Muitas destas perguntas foram respondidas na palestra on-line “Avanços polêmicos em psiquiatria”. Aproveito este espaço para compartilhar um pouco do rico conteúdo que surgiu deste encontro.

O psiquiatra José Alexandre Crippa, Professor Titular do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da USP, explicou que o sistema endocanabinoide atua na regulação de vários aspectos do corpo humano como dor, humor e processo inflamatório, por exemplo. “Com a descoberta do receptor do sistema endocanabinoide, abriu-se a possibilidade de novos medicamentos serem criados”, disse, lembrando que o que existe de cientificamente comprovado é o uso do canabidiol para casos raros de epilepsia refratárias e a combinação de THC com canabidiol para dores e espasmos na esclerose múltiplas.

Para o psiquiatra Marcelo Allevato, Mestre pelo IPUB UFRJ, membro Titular Sênior da ABP e Diretor Secretário da APERJ, a testagem farmacogenética foi se sofisiticando ao longo das décadas, porém sua eficiência é questionável. “Com o advento da informática médica se criou uma série de algoritmos computadorizados que geraram uma promessa de simplificação da prescrição, ou seja, eu poderia passar a prescrever apenas com base na interpretação dos testes farmacogenéticos que seria feito por um algoritmo – que é uma caixa preta – e isso na verdade não tem evidência suficiente. Hoje existem testes comerciais muito caros que, na verdade, são utilizados de uma maneira exagerada”, afirmou Allevato.

Segundo ele, o que interessa aos pacientes é a capacidade do médico de prever interações medicamentosas e prevenir efeitos colaterais. “As empresas que fazem os testes farmacológicos tentam vender a ideia de que analisar um número enorme de genes relacionados principalmente a muitas enzimas de metabolização e alguns alvos farmacológicos teria um efeito decisivo na nossa decisão prescritiva. No entanto, isso nunca foi comprovado. Estudo o assunto há mais de 20 anos, mas eu não confio nos algoritmos, até porque, muitas vezes, a publicidade que se vende não corresponde ao que realmente foi testado no paciente. É como achar que um Volkswagen vai ter o mesmo desempenho de um Fiat, só porque os dois são carros”, resumiu.

O terceiro integrante do encontro, o psiquiatra Marcos Gebara, Professor da Pós-Graduação em Psiquiatria da PUC-Rio, especialista em Bioética e Presidente da APERJ, lembrou que o surgimento da ressonância magnética – em complemento à tomografia computadorizada – abriu novas possibilidades para o uso de exames de imagem no diagnóstico em psiquiatria. O especialista, no entanto, ressaltou que esses exames de neuroimagem não estão validados para serem usado com esta finalidade, mas servem como reforço nas possibilidades de diagnóstico e no acompanhamento do tratamento. “Estamos tão acostumados a ver certas alterações que permitem apostar em hipóteses de diagnóstico. Mas para padronizar, seria preciso estabelecer parâmetros firmes como, por exemplo, o uso do mesmo aparelho sempre, mas isso não é possível”, explicou.

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Se você tem interesse em se aprofundar nestes temas, confira o encontro na íntegra na página da Espaço Clif no Youtube.

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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