Foram dois anos de espera. Angústia. Incerteza. E muita obra. Mas finalmente (e faz uns 20 dias já, mas este blogueiro tem muita preguiça no calor…) o Bar do Omar reabriu. Foi o último dos botequins famosos da cidade a reiniciar os negócios depois que afrouxaram-se as normas de distanciamento da pandemia. Depois de tanta espera, a demanda reprimida desaguou com força, lotando diariamente desde a reabertura os novos salões da agora imensa birosca, que praticamente duplicou de tamanho depois de uma grande obra feita durante o período de fechamento. Uma reforma que transformou o que um dia foi a humilde laje da casa da família do ex-bancário Omar Monteiro em dois grandes e concorridíssimos bares, com balcões independentes.
– O bar original agora ficou a cargo do meu filho, o Omar Júnior. É o Bar do Omarzinho. E o novo espaço, no varandão com ombrelones, é o Bar do Omarzão!, brinca o pai orgulhoso, ao lado do filho diletante, que tem uma imensa parcela de responsabilidade pelo sucesso do bar nos últimos anos antes da pandemia. Afinal, foi de Omarzinho a ideia de assumir publicamente, com muito bom humor e inteligência, o posicionamento político da família Monteiro, transformando o local num reduto da esquerda carioca. Foi no Bar do Omar que milhares de petistas foram comemorar a soltura de Lula, em 2019. O bar chegou a crar uma moeda própria, em homenagem ao ex-presidente. E agora, o horário oficial de funcionamento deixa claro: a casa abre às quintas e sextas às 17h13, e no fim de semana, às 15h13. Não por acaso, a nova decoração não economizou em imagens alusivas à campanha de 2022 e ao retrato que virou símbolo da torcida pela libertação do ex-presidente, que mostra o atual candidato a voltar ao Planalto com as barbas e cabelos em forma de flores coloridas.
A despeito do posicionamento político – que automaticamente tira pontos do local no quesito unanimidade – o novo Bar do Omar é um grande barato gastronômico e visual. A vista inusitada da região portuária agora é, de fato e de direito, a principal atração no imenso varandão com mesas. Para os casais, um balcão mais reservado, jogado para a encosta, garante um clima mais romântico. No cardápio, as apostas que sempre fizeram sucesso continuam entre os mais pedidos, com destaque para os bolinhos, as cervejas geladíssimas, a batida “Omaracujá” e a clássica carne de sol com aipim na manteiga, que eu conheci quando o bar não passava de uma discreta birosca no alto da Rua Sara, no Morro do Pinto, e que segue até hoje aguando a minha boca. Outros detalhes sobre o cardápio o caro leitor pode ler na reportagem que a Veja Rio já publicou há tempos sobre a reinauguração. De minha parte, resta o conselho: não importa em quem você vá votar: visite o Bar do Omar.
PS: Aos leitores das novas gerações: O título desse post é uma referência ao clássico filme “Bar Esperança: O Último que fecha”, dirigido e estrelado pelo saudoso Hugo Carvana, cineasta e boêmio histórico. Vencedor de três Kikitos no Festival de Gramado de 1983, o filme conta a história de um bar carioca que está prestes a fechar, mas é defendido com unhas e dentes pelos artistas, intelectuais, jornalistas, loucos, alcoólatras e boêmios que o frequentam. Alguma semelhança com a vida real, não será mera coincidência…