Quando anunciou que ia fechar por conta da pandemia, caro leitor, o Baródromo não deixou apenas seus frequentadores tristes. Apesar da pouca idade (menos de cinco anos) a casa dedicada ao samba-enredo e à memória dos desfiles no Sambódromo já tinha se tornado uma referência para amantes do carnaval na avenida. Com o seu fechamento, o Rio perdia um museu informal das Escolas de Samba, que fazia com amor e competência aquilo que nem a própria Cidade do Samba oficial da cidade soube fazer direito: valorizar a memória dos desfiles, com um acervo rico de fotos, fantasias, alegorias e adereços originais dos grandes enredos que passaram pela avenida.
Um negócio desse potencial cultural não poderia mesmo desaparecer. Dois meses depois de anunciar seu fechamento, o Baródromo já anuncia sua reabertura. Dessa vez, em novo endereço: uma casa de esquina na Rua Dona Zulmira, no coração da Tijuca, em frente à Praça Niterói. Pertinho do Maracanã, da Mangueira, da Vila Isabel, do Salgueiro e do Clube Renascença, sede do Samba do Trabalhador, com quem muitos frequentadores e músicos que costumavam se apresentar no bar sempre tiveram fortes vínculos.
Num endereço tão icônico, o novo Baródromo Tijuca promete voltar a ser referência. Mas dentro das limitações do novo normal imposto pela pandemia. A casa, bem menor que a anterior na Lapa, receberá menos clientes, e a aglomeração que era marca registrada do Baródromo vai ficar na lembrança – pelo menos num primeiro momento. Menos casa de show e mais bar e centro cultural, o futuro novo Baródromo vai investir na gastronomia, na exposição do seu acervo carnavalesco e em eventos esporádicos dedicados samba e ao carnaval, sempre dentro das novas regras de distanciamento e biossegurança. “Além das rodas de samba enredo, o espaço será dedicado a lançamentos de livros, rodas de conversas, homenagens, exposições e tudo o que fortaleça o caranaval”, diz o empresário Felipe Trotta, sócio e criador do Baródromo.
A previsão de inaguração do novo bar é janeiro de 2021, mas o caminho até lá não será fácil. Ainda duelando com as imensas dificuldades financeiras do momento, Felipe e seus sócios encararam o desafio da reabertura contando com a ajuda dos seus maiores beneficiados: o público. Para ajudar a financiar o projeto, eles criaram o crowdfunding “O Baródromo tá voltando”, baseado em contribuições de consumo antecipado. A meta é alcançar R$ 213 mil, em constribuições que vão de R$ 20 a R$ 200. O valor doado é revertido integralmente em consumo quando o bar estiver funcionando, com direito a prêmios e recompensas. Para saber mais e participar, visite o site do crowndfunding em https://bit.do/obarodromotavoltando.
Eu já dei minha contribuição, e estou anotando na agenda: se tudo der certo, mesmo que não haja carnaval em 2021, em fevereiro pelo menos já teremos o Baródromo de volta. O que não é pouca coisa.