O livro Democracia Tropical, de Fernando Gabeira, nasceu das anotações do ex-deputado federal sobre o caminho percorrido pela democracia brasileira desde o movimento das Diretas Já até hoje. VEJA RIO conversou com o escritor sobre a obra, recém-lançada pelo selo Estação Brasil, da editora Sextante.
O que aconteceu com o Brasil, afinal? As promessas nas primeiras eleições diretas acabaram traídas pela corrupção. Em 1989, a gente tinha o Collor, de direita, que iria acabar com os marajás, e o Lula, de esquerda, um homem que traria ética para o país. Hoje, os dois enfrentam processos.
Qual é a saída? A visão que tenho para o futuro é o parlamentarismo e o voto distrital misto. Sei que não dá para fazer todas as mudanças necessárias agora, em momento de crise, mas o que poderia ser feito desde já é reduzir o número de partidos políticos.
O que acha da Operação Lava-Jato? Acho extremamente eficaz. Não aprovo o vazamento de conversas particulares nem liberalismos como a conversão da prisão da mulher do Cabral em regime domiciliar, mas a operação é um marco na história do país. Falta só acabar com o foro privilegiado.
Alguma denúncia o surpreendeu? Muitos pontos das delações eu já conhecia, mas fiquei espantado com o nível internacional de coordenação do esquema e com a quantidade de indícios contra Serra e Aécio.
É possível ser ético na política? O sistema é perverso e tornou muito difícil uma renovação ética. Mas o que distingue um político do outro é a capacidade de reconhecer seus erros e repará-los. Eu já errei quando paguei uma passagem para a minha filha. Revi minha atitude e devolvi o dinheiro.
A esquerda ainda tem jeito no Brasil? Acabei de voltar da fronteira com a Venezuela, onde visitei os refugiados do socialismo pressionados pela fome e pela falta de perspectiva. Essa é a realidade, mas a esquerda parece daltônica, não enxerga os fatos. Cansei de discutir com eles.
O senhor tem candidato para as próximas eleições? Não tenho, e definitivamente estou fora disso. Não me enfio mais no Planalto.
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