O que personalidades como os ex-presidentes Lula e José Sarney, o cantor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, a jornalista Miriam Leitão e a ex-governadora Benedita da Silva pensam sobre o racismo no Brasil, país que tem a segunda maior população negra do mundo? O jornalista e cartunista Maurício Pestana reuniu, no livro Racismo – Cotas e Ações Afirmativas, lançado nesta segundsa (19), entrevistas com depoimentos e reflexões de 46 figuras públicas e formadores de opinião (negros e brancos) a respeito. Eis uma palinha:
Benedita da Silva, deputada federal, ex-vereadora, senadora, ministra e governadora do Rio: “Culturalmente, nós negros temos que trabalhar e conviver com o descrédito. Vamos ouvir o tempo todo: ‘isto não vai dar certo, isto não vai levar a lugar algum’. Temos que enfrentar o fato da nossa imagem não estar associada historicamente à inteligência”.
Lula, ex-presidente da República que teve o maior número de auxiliares negros da história do Brasil: “A visita que fiz à Ilha de Gorée, no Senegal,foi um dos momentos mais emocionantes de toda a minha passagem pela presidência da República. (…) Pude sentir um pouquinho – muito pouco, diante do crime brutal que foi a escravidão, mas uma sensação muito marcante – o que os negros escravizados sentiram. Eu, o ministro Gilberto Gil, a ex-ministra Matilde Ribeiro e até jornalistas choramos”.
Miriam leitão, jornalista: “Neste universo econômico no mercado brasileiro em que atuo, não encontro negros, e o mais estranho é perceber que ninguém sente a falta deles”.
Margareth Menezes, cantora: “Por que a maioria das pessoas da Bahia é negra e pobre? Fica difícil para eles entenderem como os negros desta cidade e do país não têm dinheiro para pagar R$ 1200,00, R$ 1800,00 por um abadá desses blocos famosos. Essa é uma realidade muito ruim e que expõe o racismo em nosso país”.
Giberto Gil, cantor e ex-ministro: “Barack Obama não tem como dar vazão aos ideais dele, à grande generosidade de alma que ele tem. Obama tem que ser menor do que ele é”.
José Sarney, ex-presidente do Senado: “Eu acho que nós estamos avançando, mas recomendaria que os negros, os afrodescendentes, participassem mais da política e procurassem ocupar mais espaços e lutassem por esses espaços”.