Na última semana, Marina Ruy Barbosa movimentou a internet com uma foto em que aparece de salto alto e “vestida” com tiras escuras. O clique era parte da campanha publicitária do primeiro papel higiênico preto do Brasil, uma onda entre descolados lá fora. A propaganda, no entanto, provocou confusão ao se valer do slogan Black Is Beautiful, expressão usada por militantes negros dos Estados Unidos na luta pelos direitos civis na década de 60. Em nota oficial, a agência Neogama e a fabricante Santher, assim como a atriz, refutaram “toda e qualquer insinuação ou acusação de preconceito”. Também pediram desculpa e informaram a retirada da frase das peças. A ruiva segue anunciando o produto. VEJA RIO ouviu publicitários e defensores das minorias raciais sobre o caso:
“Tudo isso foi uma grande histeria de internet, que logo será substituída por outra, como acontece nas redes sociais. Daqui a pouco não poderemos nem mais dizer ‘pretinho básico’, porque vai pegar mal”, Washington Olivetto, da agência WMcCann.
“É inaceitável que tenham usado nessa campanha a frase de uma luta tão séria contra o racismo. Pessoas se arriscaram e perderam sua vida por ela”, Zezé Motta, atriz, em cartaz com o filme A Comédia Divina, em que interpreta um Deus negro e feminino.
“A campanha mostrou desrespeito a um movimento político importante e despreparo cultural dos profissionais em questão. Isso é fruto da falta de diversidade nas agências. Quase não há negros no mercado publicitário. Sequer nos consultam sobre temas que podem ser delicados” – Paulo Rogério, consultor e co-fundador do Instituto Mídia Étnica.
“Acho que está todo mundo de TPM no Brasil. Até saí das redes sociais porque lá você tem que ter um revisor de um lado e um advogado do outro. Concordo, no entanto, que o país é injusto e desigual, características que a publicidade acaba refletindo. Mas estamos melhorando, olha o salto das campanhas de cerveja em relação à mulher”, Nizan Guanaes, da agência Africa.
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