Na última semana, duas fotos de Antonio Guerreiro (1947-2019) foram disputadíssimas num dos leilões de Ernani Leiloeiro, que fica em Botafogo mas, desde o início da pandemia, tem realizado os arremates de forma remota.
Para provar que sexo e carnaval – com muita gente carente e órfã dos dois – são marcas registradas do Rio, a imagem de Leila Diniz (1945-1972) e Betty Faria dando um selinho, aquele beijo estalado e inocente, na praia de Ipanema na década de 1970, foi o terceiro item com mais lances dos mais de 500 lotes disponíveis.
Outra que rendeu muitos cliques foi a imagem de Luma de Oliveira, feita em 1986, toda sexy numa piscina, dois anos antes da sua primeira capa para a “Playboy” (depois disso, ela saiu em cinco).
A imagem de Betty e Leila começou com lances a R$ 400 e foi arrematada por R$ 5 mil, ficando atrás apenas de Adriana Varejão (“Széchenyi”, da série “Saunas e Banhos”, de 2005, fotografia digitalizada, 26,7 x 35,0 cm e um Vik Muniz (pato da “Série Chocolate”, de 2006, 45 x 58 cm), respectivamente por R$ 5,6 mil e R$ 5,2 mil. Os donos não foram divulgados.
Fato é que o beijo deu o que falar, não só há 50 anos, com vira e mexe está em alguma rede social, fazendo barulho em pleno século XXI. No programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, em 2017, Betty disse à Fernanda Lima: “A gente queria era chocar, implicar com a caretice, essa foto é ótima. Sabe que eu acho que está provocando mais agora? Todo mundo tem que respeitar tudo, não existe mais aquela brincadeira, não pode dizer mais nada, então as pessoas estão muito reprimidas porque o politicamente correto é terrível”.
Guerreiro, que ficou famoso pelos retratos de grandes artistas, como Fernanda Montenegro, Sonia Braga, Nelson Gonçalves, Antonio Fagundes, Gloria Pires e Ângela Diniz, entre os anos 1970 e 1990, também explicou o sucesso do clique em entrevista do blog “Images&Visions”, em 2009: “Estava num trabalho com as duas na Boate Sucata, do Ricardo Amaral (onde ficava o Tivoli Park) e fotografava muito as duas. Fomos à praia e, sem querer, saiu esse beijo. Betty tinha 28 anos na época e ia estrear sua primeira novela, “Os acorrentados”, amadrinhada por Diniz, que já era considerada o grande ícone da liberdade feminina.