O protagonismo da Porta-Bandeira nas escolas de samba
A elegância e a força de Pietra Brum diante de um desafio inédito

Nas escolas de samba, onde cada detalhe conta, a figura da porta-bandeira carrega uma responsabilidade inigualável. Poucos percebem, mas, entre todos os segmentos de uma escola de samba, essa é uma função que exige a chamada “liturgia do cargo” — algo associado à realeza, em que a porta-bandeira figura como uma verdadeira rainha. Quando ela segura seu pavilhão, não carrega apenas um pedaço de tecido, mas sim a história, o endereço, os torcedores e a ancestralidade de uma agremiação. Ali, na fusão entre delicadeza e vigor de sua dança, repousa a essência de uma escola de samba.
No ensaio técnico deste domingo (02), a primeira porta-bandeira da Unidos do Porto da Pedra, Pietra Brum, enfrentou um desafio inesperado e raríssimo: o mastro de sua bandeira quebrou durante a apresentação. O fato pegou todos de surpresa, ainda mais porque não há nenhum regulamento que preveja um protocolo para esse tipo de intercorrência. O que fazer em uma situação como essa? O mastro é o elo físico entre a porta-bandeira e o pavilhão. Sem ele, como seguir?
A resposta veio no próprio gesto de Pietra. Mesmo sem o mastro, sem hesitar, ela seguiu dançando, mantendo a postura de uma rainha, com elegância insuperável, mesmo diante de uma circunstância que poderia fragilizar sua performance. Seu comprometimento e profissionalismo impressionaram o público e mostraram que um grande competidor precisa estar preparado para qualquer eventualidade. Afinal, o desfile de uma escola de samba é uma competição a céu aberto, onde tudo pode acontecer e cada detalhe conta pontos preciosos.
Embora, em teoria, a segunda porta-bandeira exista para situações emergenciais, esse tipo de troca não está regulamentado para ocorrências como essa. Assim, a condução do momento se tornou ainda mais impressionante, pois Pietra seguiu firme, sem deixar transparecer qualquer abalo, honrando a liturgia de sua posição.
Com essa exibição de força e técnica, Pietra Brum já escreveu seu nome na história da Porto da Pedra e mostrou como lidar com intercorrências em um ensaio oficial de escola de samba.
Bravo, Pietra! Você respeitou seu pavilhão e o carregou como uma rainha, sustentando, com garra e leveza, a mágica que um pavilhão carrega.