Bruno Chateaubriand
Por Bruno Chateaubriand, jornalista
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Simas destaca a importância dos enredos afro-brasileiros no Carnaval
Historiador destaca papel educativo das escolas de samba ao valorizar temas e figuras historicamente marginalizadas
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Atualizado em 26 fev 2025, 17h09 - Publicado em 26 fev 2025, 16h54
O historiador, professor e escritor Luiz Antonio Simas destacou, durante o evento “Encontros para o Amanhã. A vida é inteligente”, a importância dos enredos afro-brasileiros no Carnaval carioca. Ele enfatizou que, embora algumas pessoas considerem excessivo o número desses temas, a verdadeira questão é por que demorou tanto para que fossem incorporados aos desfiles das escolas de samba.
O estudioso ressaltou que, no início, em 1932, as escolas de samba foram obrigadas a seguir regulamentos que privilegiavam histórias oficiais de uma cultura predominantemente branca. Somente em 1966, com o enredo “Glórias e Graças da Bahia”, do Império Serrano, uma orixá, Iemanjá, foi mencionada em um desfile do Grupo Especial. O primeiro enredo totalmente dedicado a um orixá ocorreu em 1977, com “Oxum, o Príncipe de Ijexá”, do Arranco do Engenho de Dentro. Dois anos depois, em 1979, a Imperatriz Leopoldinense apresentou “Oxumarê, a Lenda do Arco-Íris”. Esses marcos evidenciam a tardia inclusão de temáticas afro-brasileiras nos desfiles.
Simas, que é coautor – com Nei Lopes – do “Dicionário da História Social do Samba”, também destacou o papel educativo das escolas de samba ao trazer à tona figuras e eventos históricos negligenciados pelos currículos oficiais. Em 1960, por exemplo, o Salgueiro apresentou o enredo “Quilombo dos Palmares”, introduzindo esse importante capítulo da resistência negra a muitos que desconheciam o tema. Mais recentemente, a Unidos do Viradouro trouxe “Tereza de Benguela e o Quilombo do Quariterê”, destacando uma liderança feminina negra pouco mencionada nos livros didáticos. Esses enredos não apenas celebram a cultura afro-brasileira, mas também educam o público sobre histórias e personagens fundamentais que foram historicamente marginalizados.
No Carnaval de 2025, a presença de enredos afro-brasileiros é significativa, com nove das doze escolas do Grupo Especial abordando temáticas relacionadas.
