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Além do horizonte

Como o aplicativo Horizon, do Facebook, pode ser um acerto da empresa americana ao permitir passeios e experiências através de realidade virtual

Por Carla Knoplech
Atualizado em 16 Maio 2020, 20h47 - Publicado em 16 Maio 2020, 20h46
Seria a realidade virtual o futuro da experiência em períodos de quarentena? (Divulgação/Divulgação)
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Anunciado em setembro do ano passado como um novo aplicativo da empresa de realidade virtual Oculus, do Facebook, o Horizon estreou em março de 2020 o seu formato beta convidando alguns testadores oficiais a adentrarem neste que é o último grande lançamento da empresa de Mark Zuckerberg. A empreitada consiste em uma rede social imersiva onde o usuário consegue criar o próprio avatar e se relacionar com amigos, lugares, marcas e eventos. A ideia, que em conceito não tem nada de diferente da lendária Second Life lançada em 2003, onde um ambiente virtual tridimensional simula – assim como o nome diz – uma segunda vida, ganha desde o nascimento da originária em três quesitos: nasce com a base de dados do Facebook (para se inscrever no Oculus basta ter um perfil na rede americana), será um grande experimento de tecnologia por dispor de todo o aparato das startups mais interessantes do Vale do Silício em polvorosa para se vincularem à marca e é catapultada ao público em um momento em que boa parte da população mundial está em regime de isolamento social desejando sassaricar por aí. Ainda que virtualmente.

Curiosa e estudiosa da área, já me inscrevi na Oculus e estou aguardando a permissão para acessar o Horizon. Penso que, se cair no gosto da internet, a nova rede pode ser uma oportunidade e tanto para eventos que tinham as grandes aglomerações como o ativo principal da experiência. Imaginem só: festivais de músicas, feiras literárias, mercados e campeonatos esportivos com uma plataforma-teste em realidade virtual. O experimento atrairá, no mínimo, curiosos do ambiente digital e poderá ser um braço a mais de construção de awareness para marcas. Mas talvez eu esteja sendo otimista demais em relação a esta novidade. Em matéria recente, o Business Insider problematizou o Horizon por conta do alto custos dos fones de ouvido da Oculus, parte fundamental da experiência. Segundo pesquisa recente da eMarketer, empresa de análise de mercado focada no ambiente digital, entre os profissionais de realidade virtual 46% deles disseram que o preço dos fones de ouvido era a maior barreira para a adoção do consumidor e que a falta de conteúdo atraente também seria um grande impeditivo para que o mesmo caia no gosto popular.

Se pensarmos que em 2019, só nos Estados Unidos, o número de usuários de realidade virtual cresceu de 43,1 milhões para 52,1 milhões em 2020, segundo a mesma pesquisa, há que convir que a fatia de mercado é promissora. Isso sem contar os inúmeros gadgets de hardwares que são desenvolvidos mundo afora para simular realidades virtuais e melhorar a experiência dos usuários. Gosto particularmente de uma invenção recente de headset, o FeelReal, que reproduz aromas, vento e até muda de temperatura. Ele custa aproximadamente mil reais e entrega no Brasil. Marcas como a revista NatGeo já estão integrando experiências de conteúdo ao Oculus e vendendo, por exemplo, a possibilidade imersiva de simular uma subida em uma montanha na Antártida fotografada e filmada em uma de suas reportagens. E isso por apenas dez dólares. Em um momento onde explorar novos horizontes é um desejo genuíno de quem não deve sair de casa, o aplicativo tem tudo para acontecer.

Carla Knoplech é jornalista, fundadora da agência Forrest, de conteúdo e influência digital, consultora e professora

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