Nunca a arte fez tanta diferença em nossas vidas como durante a pandemia. Estar perto do que é belo e do que emociona entrou definitivamente para os anseios de todos. E isso fica claro ao circular pelos ambientes desta CASACOR Rio, que traz obras de artistas de diferentes estilos e tempos, criando um roteiro de artes plásticas, que vale até uma visita exclusiva apenas para apreciar cada detalhe.
“Muitas pesquisas feitas durante o período da pandemia mostram que uma das aspirações das pessoas é viver com arte. A arte salva, aquece o coração, ameniza as dores. E as pessoas passaram a valorizar mais o viver com o belo. E isso fica bem claro nesta CASACOR, que tem a arte como um de seus pontos fortes”, avalia Patricia Quentel, sócia-diretora da edição carioca.
O primeiro destaque aparece já no Jardim do Chafariz. O ambiente criado pelo paisagista Ricardo Portilho ganhou uma enorme escultura em ferro do artista plástico Raul Mourão: “The Flag 3” tem 4×4 metros, pesa 700 quilos e precisou de 15 homens para ser erguida no local. Mas o que impressiona mesmo é o contraste de suas linhas simples e imponentes com a arquitetura eclética, cheia de elementos barrocos da Residência Brando Barbosa.
Entrando na casa, logo no primeiro ambiente – Entre-salas, de Celso Rayol e Fernando Costa –, quem rouba a cena é outra escultura, essa do artista Antonio Miranda, que se refere ao ancestral primordial da criação. Mas o espaço traz ainda dois painéis do jovem Luiz Eduardo Rayol e uma escultura de João Galvão.
Um pouco adiante está a Sala DA Música. O ambiente de Tiago Freire faz uma ode à brasilidade e expõe peças como as cabeças de barro de Irinéia; e uma homenagem especial a Nelson Leirner, artista que completaria 90 anos em 2022. É dele a obra Biblioteca, que ocupa quase uma parede inteira da sala. Exposta pela primeira vez em uma mostra, a peça retrata, na verdade, a estante pessoal de Leirner, um acumulador confesso que juntava de tudo um pouco no móvel.
Logo ao lado vem Expo. O ambiente foi pensado pelas irmãs Cristiana e Mariana Mascarenhas como um espaço informal de exposições e trocas entre artistas. Mas, o que elas criaram de fato foi uma verdadeira galeria com uma das misturas mais interessantes e ousadas do evento. Um lambe-lambe com frases de Rubens Gerchaman sobe as paredes na criação do grafiteiro Ozi, que usou a fonte Pix de Bruno Corrente; dois portais parecem fazer referência aos azulejos originais da casa mas, quando olhados de perto, revelam mosaicos criados por milhares de Playmobil na obra de Heberth Sobral; e tem ainda as cerâmicas de Geléia, da Rocinha; as fotos de Alex Ferro; as obras de Lidia Lisboa e Mulambö; as criações da própria Mariana Mascarenhas; além do retrato de Gabriella Besanzoni (para quem o palacete do vizinho Parque Lage foi construído), pintado por Daniel Lannes.
“A gente fez uma correlação com o Parque Lage que é uma casa que foi muito importante na vida cultural do Brasil e do Rio e, a partir dos anos 1970, se transformou numa escola de arte fundamental para nossa história, por onde passaram praticamente todos os artistas plásticos brasileiros das últimas gerações”, conta Mariana.
Aproveite que já está ali e suba as belas escadas de jacarandá (praticamente uma escultura) para o segundo andar. Você logo vai se deparar com o mural pintado pelo Coletivo Muda e a cortina em fios de bambu da artesã Mônica Carvalho, que estão entre os destaques do Espaço Prosa, de Paula Neder e Coletivo PN+.
Quase ali ao lado, quem dá o tom é a arte literária de Carlos Drummond de Andrade. No Quarto Drummond, que Lucilla Pessoa de Queiroz e Renata Caiafa fizeram em homenagem ao poeta, sua literatura está não só nos livros, mas também pintada nas paredes e bordada nos lençóis. Nesse caso, as frases escolhidas são de sua obra erótica deixada por ele para ser publicada apenas após sua morte.
A poesia aparece ainda em ambientes como o Hall e Lavabo, de Manuela Santos e Paula Scholte; e no Canto do Poeta, de Sérgio Conde Caldas e Patricia Andrade, que também traz a pintura de René Machado.
Dois ambientes tiveram curadoria de arte de Heloísa Amaral Peixoto e merecem um olhar bem atento. Caso do Pavilhão 22, de Mario Costa Santos, que faz uma homenagem à centenária Semana de Arte Moderna e do espaço Tempo da Alma, de Cristina Bezamat.
A essa hora, talvez você esteja precisando recuperar o fôlego. Que tal um drinque na piscina? O ambiente, criado por Gisele Taranto com curadoria de Vanda Klabin, é praticamente uma galeria a céu aberto com obras como a piscina-instalação de Maritza Caneca, hologramas, e a exposição Olhar 2022, que traz uma pintura de Carlos Vergara dentro do BamˈBo͞o Bar, além de trabalhos de artistas da periferia expostos em totens com QR Codes em meio ao bambuzal. Para ver as obras de fato, é preciso usar a tecnologia de realidade aumentada via celular. O espaço oferece ainda uma terceira experiência, dessa vez, no Metaverso, onde uma galeria virtual traz obras de arte generativa. Para visitá-la, é preciso pedir os óculos de realidade virtual às recepcionistas do espaço.
A CASACOR Rio fica aberta até 26 de junho e conta com a participação de 43 equipes de profissionais, entre arquitetos, designers de interiores e paisagistas. São 45 espaços montados na Residência Brando Barbosa. Além da mostra presencial, é possível visitar também sua versão digital, com tours 3D disponíveis no site!
Serviço CASACOR Rio de Janeiro 2022
Data: 27 de abril a 26 de junho de 2022
Endereço: Rua Lopes Quintas, 497 – Jardim Botânico, Rio de Janeiro.
Horário: de terça a sexta-feira, das 12h às 21h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 21h.
Telefone: (21) 2512-2411
Ingressos e agendamento de visitas: https://casacorrj.byinti.com/
De terça a sexta-feira
Ingresso inteiro: R$ 80,00
Meia entrada: R$ 40,00
Sábados, domingos e feriados
Ingresso inteiro: R$ 90,00
Meia entrada: R$ 45,00
Crianças até 10 anos não pagam. Idosos acima de 60 anos, estudantes com carteira oficial, deficientes (e um acompanhante) e professores das redes pública e privada (desde que apresentem documento válido com foto) pagam meia entrada.