No sábado, 11 de novembro, Ribeirão Preto (SP) recebe a sexta edição do IPA Day. Neste ano, o festival terá mais de 6 500 litros de chope de quarenta rótulos do estilo e suas variedades, todos nacionais.
A lista de novidades vai de camiseta (R$ 40) e copo (R$ 20) personalizados por Ciro Bicudo até receitas inéditas e colaborativas produzidas especialmente para o evento (veja a lista completa abaixo). No último lote, a festa open bar tem ingressos a R$ 210. À frente da organização, Rafael Moschetta (que divide a função com João Becker) conta sobre o desafio de reinventar o agito, criado em 2012, e o que prepararam para surpreender o público. Confira no bate-papo a seguir:
1) Para criar o modelo da festa aqui, vocês se inspiraram em algum evento internacional?
Nos inspiramos, sim, em festivais de cerveja que a gente (como consumidor) participou lá fora, mais especificamente no International IPA Day, criado em agosto de 2011, que surgiu na época como uma data comercial, com o intuito de promover ações em bares e lojas do setor, para alavancar promoções e vendas. Na época, trabalhávamos na Colorado, que tinha exatamente o apelo da primeira IPA feita no Brasil, a Colorado Indica. Então pensamos em fazer uma versão nacional do festival, juntando algumas das melhores IPAs numa festa. Àquela altura, o período da concepção do evento, com venda de ingressos, até a festa foi quase amadora, não durou trinta dias. Ainda assim, as pessoas gostaram muito da ideia, até porque o estilo não era tão conhecido como hoje. A partir daí, o evento começou a crescer.
2) Como avaliam o crescimento do festival desde a primeira edição?
O crescimento foi muito rápido. Na estreia foram menos de 500 pessoas, no segundo ano, o número dobrou. No terceiro, já eram 2 000 frequentadores e, na quarta edição, 3 000. Daí diminuímos um pouco a quantidade de público, buscando mais conforto para quem estivesse participando da festa. Apostamos num formato de divulgação onde a gente não faz nenhum tipo de propaganda em rádio, outdoor, etc. Os cartazes são só para venda no dia, caso alguém queira guardar de recordação. Deixamos o boca-a-boca mesmo fazer esse trabalho. Por ser um evento de um único estilo de cervejas, acreditamos que esse tipo de propaganda informal seja mais efetivo para atrair os interessados e fazer com que eles entendam a proposta e gostem. A ideia é que os fãs do estilo venham, aí a festa vai crescendo dentro da comunidade cervejeira e fisga, cada vez mais, esse nicho apaixonado.
3) Qual o grande diferencial desta edição em relação aos anos anteriores?
O ano passado foi um sucesso de crítica. Tivemos números muito interessantes de aprovação da organização. O nosso desafio era continuar surpreendendo e encantando os participantes. Então, este ano a gente trouxe algumas novidades. Uma delas é o Colecionáveis IPA Day, em que a cada ano convidamos um artista diferente pra criar a estampa da camiseta e do copo do IPA Day. Desta vez foi o Ciro Bicudo, que é um baita ilustrador. A gente percebeu que ao longo desse tempo o copinho do IPA, que foi criado na edição de 2013, caiu no gosto dos apaixonados por cultura cervejeira do Brasil e as pessoas começaram a colecioná-lo. Então passamos a criar edições limitadas assinadas e personalizadas. Outra novidade é o Exclusividades IPA Day, que reúne cervejas criadas para o evento. Quando tivemos a ideia de propor isso para algumas cervejarias que a gente admira e que o público pede para ter no evento, a gente não sabia o que ia dar. Até porque, nós (da organização) temos uma cervejaria (a Weird Barrel) e sabemos exatamente a dificuldade de criar um rótulo específico para um evento. Mas o sucesso foi tão grande que todas as marcas convidadas aderiram à proposta. Elas criaram receitas experimentais dentro do universo das IPAs que só poderão ser provadas ali, naquele dia, em primeira mão.
4) O evento faz referência às IPAs. Como enxerga a aceitação do mercado brasileiro para o estilo e suas variedades? Na sua opinião, ainda há espaço para mais receitas de IPAs ou estamos chegando a um grau de saturação?
Eu acho que a IPA representa um movimento, representa o novo cervejeiro. Na letra do hino do IPA Day, a gente fala “Temos orgulho de estar aqui na festa mais amarga do Brasil”, porque já é um ponto onde o cara se sente cervejeiro por estar tomando cerveja amarga, ele já deixou de tomar as cervejas comerciais. No caminho mais comum, ele já passou pelas weizen biers e agora ele chegou no estilo, o que é um orgulho pra ele. Isso faz com que venha gente do país inteiro para o evento, porque os apreciadores se movimentam atrás do estilo, o que só mostra que estamos falando de um produto muito popular no nicho de cerveja artesanal e que tem uma aceitação muito grande.
5) Na sua opinião, ainda há espaço para mais receitas de IPAs ou estamos chegando a um grau de saturação?
Acredito que é natural num processo de amadurecimento do paladar brasileiro para cervejas artesanais que haja uma busca por estilos diferentes. Às vezes a gente tem a impressão de que a pela IPA caiu um pouco. Mas eu acho que isso é uma percepção errada. Do mesmo jeito que alguém que bebeu o estilo por muitos anos vai atrás de novidades, muita gente está entrando nessa fase da IPA. É um estilo que continua crescendo muito, porque o mercado está crescendo também. Os novos estilos de IPA vão atendendo também aqueles que não querem só American IPA com muito lúpulo. Nessa edição, por exemplo, a gente tem versões como White IPA, Black IPA, New Englands, uma série de cervejas com frutas. Enfim, o universo da IPA vai muito além do amargor.
6) Como funciona a curadoria dos rótulos e cervejarias que integram o evento?
Primeiro, a gente sai do papel de organizador e se coloca como consumidor para listar as cervejas que nós e a maioria dos participantes gostariam muito que estivessem no evento. Depois, a gente usa alguns aplicativos, ou pesquisas feitas com o público na internet para saber o que de fato gostariam de encontrar lá. Neste ano, o ranking do Untappd nos orientou um pouco para preencher algumas torneiras do evento. Fora isso, deixamos uma parcela das torneiras para cervejas que são ainda pouco conhecidas, mas que em algum momento provamos e gostamos. Afinal, a ideia é que aqui também seja um lugar onde você descobre novos rótulos. Eu não gostaria que alguém saísse de São Paulo pra vir até Ribeirão Preto para encontrar só o que ele já acha no Empório Alto dos Pinheiros. Infelizmente, por questões de limites estruturais, temos de deixar de fora muitos nomes bons. Adoraríamos ter muito mais do que os 40 rótulos, mas entendemos que, por ser uma festa de um único dia, colocar mais do que essa quantidade deixaria frustrada muita gente, que não conseguiria degustar todas. Então, dentro dessa capacidade máxima, tentamos ser cada vez mais exigentes para que a seleção seja cada vez mais surpreendente e de melhor nível.
7) Sonham trazer alguma marca que ainda não conseguiram? Qual?
2014 e 2015 foram os dois anos que trabalhamos com cervejas importadas no evento. Em 2014, trouxemos a BrewDog, que foi muito representativa, devido à procura pelos brasileiros, mas também muito cara. Isso agregou valor ao ingresso, de certa forma. Em 2015, voltamos com a cervejaria e trouxemos ainda a Rogue e a Brooklyn. No ano seguinte, de novo essa última e a Goose Island. Desta vez, temos uma colaborativa com a Goose Island e a Colorado. Isso porque o nível das cervejas brasileiras está ficando tão alto que a gente não precisa mais ter exemplares importados para chamar atenção para o evento. Hoje, quando você traz uma Dogma ou uma Hocus Pocus, já atende esse consumidor que antes queria uma BrewDog Punk IPA. Atualmente, temos cervejas tão bem feitas e interessantes no Brasil que eu não vejo mais a necessidade de trazer as importadas. Ficamos tão empolgados com essa história das cervejas exclusivas que, talvez, um sonho seria fazer uma versão do evento só com esse tipo de receita em edição limitada.
VEJA TODOS OS RÓTULOS DO IPA DAY 2017
Avós – Vó Maria, Baixinha Porreta – American IPA
Blauer Berg – Blauer Berg IPA – (Best of show IPA -Day Brasil 2016) – American IPA
Bodebrown – Sour Holy Hops Double IPA Day – Sour Double IPA
Bodebrown – Cacau IPA – American IPA com cacau
Bodebrown – Mago de Houbloun – New England IPA
Colorado – Nandi – Imperial IPA
Colorado – Colorado Nassau – White IPA com cajú
Colorado – Black Indica – Black IPA
Colorado e Goose Island – Ne-Nem – New England com manga, abacaxi e maracujá
Dádiva – Bazooca II – Imperial IPA
Dádiva – Venice Beach – Session IPA
Dádiva – Heart Beat – Double IPA
Dogma e Weird Barrel Brewing Co. – Weird Dogma – West Coast IPA
Dogma – Magnum Opus – Imperial IPA
Dortmund Bier – Hopfen – German IPA
Dortmund Bier – The White IPA – White IPA
Hocus Pocus – Event Horizon – New England IPA
Invicta – 1000 IBU – Imperial IPA
Lund – Lund India Pale Ale – English IPA
Madalena – Madalena IPA – American IPA
Madalena – Madalena Double IPA – Imperial IPA
Mafiosa – IPA Don Drino – American IPA
Maniba – Black Metal IPA – Black IPA
Maniba – Double Doggy IPA – Black IPA
Maniba – IPA Blues – American IPA
OverHop – One Love – Imperial IPA
OverHop – Hazy – New England IPA
Seasons – Cormano – American IPA com um mix secreto de lúpulos e adição de mel
Seasons – Holy Cow #2 – American IPA
Seasons – Vaca Das Galáxias – Imperial IPA
Seasons – Green Cow – American IPA
SP 330 – Fake IPA – American IPA com 0 IBU
SP-330 – Californication – American IPA
Walfänger – Albert IPA – German IPA
Weird Barrel Brewing Co. – Fancy BURP – English IPA
Weird Barrel Brewing Co. – Naughty GROG – Black IPA
Weird Barrel Brewing Co. e Seasons – One-Eyed COW – New England IPA
Weird Barrel Brewing Co. – Pirate’s FLIP – Session IPA com gengibre
Zeit – Bom Vivaan – Session IPA
Zeit – Nautilus – American IPA
O IPA Day Brasil 2017 será no dia 11 de novembro, entre 14h e 22h, no Quintalinda Espaço Para Eventos. Rodovia Anhanguera Km 303 – Sul – Ribeirão Preto (SP).