Cristiana Beltrão

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A multiplicação de restaurantes

Como o comércio eletrônico impulsionou a alimentação fora de casa

Por Cristiana Beltrão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 dez 2021, 17h12 - Publicado em 15 dez 2021, 15h33
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  • As mudanças vieram assim, aos poucos, como o pinguinho inocente que um dia faz desabar o gesso sobre nossas cabeças.

    Flanávamos diante das vitrines, experimentávamos sapatos, desviávamos dos passantes pra melhor paquerar a bolsa iluminada como uma joia, que nunca teríamos. Agora, trocamos isso tudo por uma síndrome do túnel do carpo, com os nervos inflamados de tanto arrastar os dedos pelo celular.

    Se agora não há mais a lojinha de bairro, o banco, a papelaria da esquina ou a floricultura é porque a maioria preferiu a praticidade da alternativa. Não é bonito, mas é um fato.

    Grandes redes, que se espalhavam em inúmeros pontos pela cidade, agora têm uma a única loja “conceito”, pra quem tem pressa ou quer pegar na peça, e o resto que se entenda com o mundo virtual, e é assim em Nova York, em Barcelona ou no Rio.

    Não à toa, os shoppings vêm se matando para atrair o que sobrou do comércio físico, comprando grandes marcas de varejo e lojas de decoração, oferecendo serviços de saúde, entretenimento e o diabo para disfarçar a vacância e evitar que se transformem numa grande praça de alimentação.

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    A verdade é que nunca houve tanta abertura de restaurantes, ponto vagando, troca de ponto ou investidor novo. Coincidência? Não. É sinal da infinita oferta de imóveis a preço baixo, filhos da crise de muitos anos, aliada à pandemia e o aumento da confiança no comércio virtual. Há grupos de restaurantes aumentando o número de casas, diversificando o negócio; na outra ponta o sangue novo, que agora toma coragem dada a super oferta de imóveis para locação.

    Seria esse o novo desenho das metrópoles? Um restaurante, um quiosque, um botequim, um botecão, a padaria, o bar, a lanchonete, ou seja: só comida e vinte prédios em cada quadra? Sei lá. O fato é que os restaurantes sobrevivem e se multiplicam porque são o pequeno comércio que não vive só de vender um produto: também promovem encontros, o olho no olho e a gargalhada.

    Quanto mais, melhor? Em tese, sim. O aumento da concorrência eleva a qualidade e abaixa os preços, mas não custa lembrar que a melhor amiga da refeição barata ainda é a vacina, que garante que os encontros aconteçam tranquilos e em segurança, senão a conta (essa sim…) pode ser alta demais.

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