Vivemos numa sociedade da espetacularização. Somos todos devotos de Nossa Senhorinha dos Likes Alcançados, e medimos “unsZôzôtro” pelo número de seguidores. Sejamos honestos: Lacração é um vício pior que crack. E como todo vício, lacração é um atestado de solidão. Deu rima. Mas deu ruim.
“Pode-se enganar muitos por pouco tempo. Pode-se enganar poucos por muito tempo, mas não se pode enganar todo mundo por todo o tempo”. A frase é do Abraham Lincoln. E o questionamento é meu: será que tio Lincoln diria isso se já conhecesse o Instagram? Eu merma nasci e me criei ouvindo mãe falar: “Fulano mente que dá bom dia pra jumento!”; “Cicrano mente que o c… não sente!”. Isso NÃO era elogio! Aliás, lá por casa, mentir era assunto que rendia “taca”. Por outro lado, o escritor da minha devoção, o gigante Luís Fernando Veríssimo, vaticinou: “Olha o aviãozinho!” foi a primeira mentira que, literalmente, engolimos. Elas mesmas, as mães, querendo nos convencer que colher de papinha era avião. Apenas uma mentira. A inaugural.
Afeto é fogo. Mas exige virtude, exige verdade. Então buscamos ardentemente a falsa aprovação: a foto postada, o texto da legenda, a música de fundo. Até o horário de postar. Tudo engenharia da arte de causar. Vale até levantar bandeiras! FALSAS BANDEIRAS, que sejam. Nesse cenário, que diferença faz “mermo”? PAUSA! RESPIRA! “PRESTENSÃO” NO SERVIÇO, minha gente! #PeloAmorDeDadá! Não “ramo” esculachar só pra vender. Sinto que estamos à beira de um saldão bandeiristas de ofertas.
Qual a bandeira da moda? Racismo, me inscreve. Movimento LGBTsuvxz? Quero DUAS camisetas, uma M e outra G, que mailovi também vai! Defesa dos animais? AMO! E quando se vê, já estamos defendendo os pombos das praças, das calçadas portuguesas de Copacabana, as formigas órfãs do Taiti. Feminismo é uma dessas “ferramentas”. Eu merma “tarra” pensando em fazer um programa de TV feminino de mentira, com quadros de artesanato como “Farsa Você Mermo”. Bonito demais que existam feministas riquíssimas postando sobre questões de gênero e levando esse debate para as classes ultraprivilegiadas.
Mas daí tu chega em casa e não lava tuas próprias calcinhas? Que “cunversa” é essa? Cadê a sororidade? Vai botar tua empregada pra lavar teus fundos, fia? No fundo, e no raso também, é essa merma mulher que faz do ex-marido profissão. E finca sua bandeira no feminismo branco. Mulher, se organize! Quando matrimônio é por interesse, deve se chamar patrimônio. (kkkk, odeio quem ri assim. Eu me odeio. E essa frase é do Millôr Fernandes, meu tudão). Corta para a vegana dirigindo carro com banco de couro. Horóscopo vegano. Hoje meu sol acordou em brócolis. Ascendente em couve-flor.
Corta para a socialite socialista. O espírita materialista. Corta para o cristão que não faz o que prega… Quer fazer? Faz direito. Ou não faz! Também é uma bandeira. E pra fechar a tampa do caixão, sou FLEXitariana. O único movimento que apoio é o movimento sexy. Desejo sexual compartilhado não tem que ser julgado por um movimento que não seja o da pélvis.
Eu quero, você quer, então ninguém tem nada a ver com isso. Vocês que lutem no M.A (Mitomaníacos Anônimos), o AA dos mentirosos. Quem sabe o atual presidente – que mente aos eleitores para assegurar popularidade, e tenta desmoralizar a imprensa, porque a verdade não lhe é favorável – esteja lá.