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Pelo amor de Dadá

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Mulheres de ANtenas!

Feminismo é um assunto cafona, aliás, o mais cafona que conheço

Por Dadá Coelho
Atualizado em 18 fev 2020, 15h51 - Publicado em 17 fev 2020, 14h51
Dadá Coelho
 (Filipe/Divulgação)
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Eu aqui, Dadá. Formei em Jornalismo. Virei mãe. Virei comediante. Virei atriz. Virei escritora. Só num arrisco cantar porque aí ja ia ficar puxado.
Pra vocês. Porque eu topo. Me chama. Arrente conversa. Toma uma. A saideira. A expulsadeira. A desnecessária (quando a criolina-querosene no gargalo desce goela abaixo).

A primeira decepção que eu causei no mundo foi ter nascido mulher.
Já tinha vindo uma renca de mulher e o meu pai Francisco Clodoaldo queria-porque-queria um menino!
Dizem que na maternidade, era ele com um litro de uísque Natu Nobilis debaixo do sovaco, perguntando incessantemente:
– “É homem ou mulher?”
– “É mulher. Mas é bunita!”

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-“Então serve”.
Atualmente sou uma das integrantes do programa “A culpa é da Carlota”, no Comedy Central. PRIMEIRO programa só com MULHERES comediantes da TV brasileira! Acho que tem “unsiôtro” chateados com isso, sabia?
Um cabra vira pra mim e diz:
“Dadá, tá na moda ser mulher, né?”.
Eu pensei, ééégua! Já deve ter uns bilhões de anos que povoamos o mermo espaço, e arrente ainda briga? Daí, respondi:

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“Dá licença, que vou esperar meu Uber do outro lado da rua, Zé Arruela”.
Tenho mais medo do machismo a céu aberto do que do coronavírus.
Nasci numa família de 13 filhos. 11 mulheres, 2 homens.
Moda? Não, bebê. Tendência! #TeAcostuma.
Na minha filosofia dadaísta eu questiono: se Freud fosse mulher, o pai seria o grande culpado de tudo?

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Feminismo não é festinha vip para a qual poucas pessoas são convidadas.
É como diz musa única Chimamanda:
“Nosso objetivo é a igualdade no mundo. Queremos chegar a um ponto em que não vamos mais precisar do feminismo. Para isso acontecer, todo mundo tem que se envolver. Portanto, precisamos de homens feministas para mudar outros homens”.
Pega aqui na minha mão e ramo na “ESCOLA de Homens”.
Ou você é fechamento com o neodarwinismo: a D-evolução da espécie?

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Esses dias, escutei meu parceiro de cena, o grandessíssimo ator Maicon Rodrigues: “Para o homem não basta ser feminista. Tem que ser antimachista.”
Até porque, pegando o gancho de “moda” do meu amigo Zé Arruela, bora combinar que feminismo é um assunto cafona. Aliás, é o assunto mais cafona que eu conheço.
Daí, a mulher veste blusa X, e sapato Y, e estuda, e faz yoga, mas, por baixo, tem de usar uma camiseta que diz: “Mexeu com uma, mexeu com todas”,  “Abaixo o feminicídio”, blablablá.
Por que tem homi que se recusa a escutar?
Aqui tem grifo de Murilo Mendes: “Sou firme que nem areia em noite de tempestade”.

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Que insegurança é essa, minha gente? Bora pagar analista!
Que ser mulher não é modinha.
O Brasil tem 12 casos de feminicídio por dia. Misoginia tá tão forte quanto o empoderamento. E pode piorar.
Rezando pelo dia quando uma mulher e um homem entrarem num restaurante, e o garçom disser:
‘Boa tarde, senhor’, você, macho véi, possa dizer:
“Isso é inaceitável. Entrei aqui com outro ser humano que é meu igual. E você precisa reconhecer a presença de nós dois.”
Obrigada. De nada!
#PelamordeDadá!
Outro dia minha personagem num curta, tinha que reproduzir uma piada em que falava do próprio filho:
“Filho da puta. Sim, eu sou a mãe ”.
Me recusei a gravar aquela fala.
Arrente percebe que as ofensas contra homens e mulheres falam muito sobre uma cultura.
Xingam mulheres de vadia, puta, vaga-bunda, rameira, vaca, sempre relacionando com a ‘moral’ da mulher.
Homens são ofendidos em sua ‘virilidade’: brocha, viadinho, pinto
pequeno.
Filho da puta, corno, chifrudo. Até quando arrente quer bater no homem, é na mulher que arrente bate. A culpa é da Carlota?
Se você macho branco heterossexual, tá banhado nas águas do equívoco, ramo nos dar as mãos.
Mermo!
Também tô aprendendo.
E até meu pai que está no céu,sentado à direita de Deus todo poderoso e deve de tá comendo gente, tá todo trabalhado no revisionismo atracado com a transgressora, polêmica, insubordinada e puro instinto Lilith, figura mítica, reconhecida como a primeira mulher de Adão.
Da mulher que não é pedaço do homem, não nasceu de sua costela.
Que bom que cê tem escuta, pai.
Afinal, você fazia essa piada “se a mulher foi feita da costela de Adão, imagina se fosse feita do filé?”.
Nunca é tarde, pai. Te amo mermo assim.! Nossos destinos foram traçados na maternidade. Tô aqui, uma das filhas de Francisco. 

Dadá Coelho é comediante e roteirista. Integrante do Programa A culpa é da Carlota, no Comedy Central.

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