A Batalha de Flores: uma tradição perdida da “Belle Époque” carioca
Inicialmente realizado no carnaval, esse evento passou a integrar o calendário do Rio de Janeiro nas primaveras do início do século XX
Chegou a Primavera, a estação das flores! Para marcar este momento de transição, vamos revisitar uma tradição perdida em nossa cidade: a Batalha de Flores.
Oriunda do carnaval de Nice, na França, essa festividade chegou ao Brasil em 1888, tendo ocorrido pela primeira vez em Petrópolis, como substituição ao “entrudo”, que era considerado pela elite uma forma selvagem e grotesca de diversão.
No início do século XX, as batalhas de flores passaram a ser realizadas na chegada da Primavera, e não mais no carnaval. As elegantes batalhas de flores promovidas pelo então Prefeito Pereira Passos (1902-1906) consistiam em desfiles de carruagens, charretes, pequenas embarcações e raríssimos automóveis, decorados com uma enorme variedade de flores, e aconteciam no Campo de Santana.
Na batalha, as pessoas atiravam umas nas outras “ramalhetes de flores da menor dimensão possível”. Com o passar dos anos, as batalhas voltaram para a época de carnaval, acontecendo também na recém-inaugurada Av. Beira-Mar, a partir de 1907.
As flores foram também sendo substituídas pelos tradicionais confete e serpentina…e as charretes por cada vez mais automóveis. Logo, nasceria outra tradição carnavalesca perdida, descendente direta das batalhas de flores: o corso carnavalesco.
*Daniel Sampaio é carioca do Grajaú. Advogado, ativista do patrimônio e embaixador oficial da cidade pela Rio Tur. Fundou há 10 anos o perfil @RioAntigo no Instagram.