Em 16 de julho de 2020, nascia, na Rua Ceará, pertinho da Praça da Bandeira, a grande diva Elizeth Cardoso. Conhecida como “A Divina”, Elizeth é considerada uma das mais importantes e talentosas cantoras da MPB. Brilhou intensamente a Era do Ouro do rádio, gravou seu nome na história do choro e do samba e também deixou sua marca na invenção da bossa nova.
Elizeth lançou, em maio de 1958, o álbum “Canção do Amor Demais”, um dos 100 maiores discos brasileiros segundo a Rolling Stone Brasil. Nele, Elizeth gravou, pela primeira vez, “Chega de Saudade”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, o hino inaugural da bossa nova.
Elizeth fez muito sucesso também no cinema, tendo participado de sete filmes, todos eles musicais da década de 1950, nos quais cantou lindamente e muito bem acompanhada — inclusive de João Gilberto.
Elizeth foi, na minha opinião, a cantora que melhor interpretou “Carinhoso”, o belíssimo choro de João de Barro e Pixinguinha — que é a minha canção favorita de todos os tempos. Elizeth me emociona e toca a minha alma.
Afinal, a nossa Elizeth conviveu com Tia Ciata e Noel Rosa. Foi descoberta por ninguém menos que Jacob do Bandolim, aos dezesseis anos de idade. Foi amiga de Sarah Vaughan e Nat King Cole. Influenciou Maysa, Elis e tantas outras. Conviveu com os grandes e foi enorme ela mesma.
Desculpem o clichê, mas Elizeth foi também uma “mulher à frente de seu tempo”. Lutou como poucas pela autonomia profissional da mulher na música. Foi mãe solteira, foi independente. Foi transgressora e precursora.
Nossa diva faleceu em 1990, com 69 anos, devido a complicações de um câncer no esôfago, deixando muita, mas muita saudade.
VIVA ELIZETH CARDOSO, A DIVINA!
*Daniel Sampaio é advogado, memorialista e ativista do patrimônio. Fundou o Instagram @RioAntigo e é presidente do Instituto Rio Antigo.