Não é a primeira, a segunda, nem a última vez que vamos falar sobre câncer de pele na coluna. Quando se trata desta doença, a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais. Por isso é tão importante sermos todos comprometidos em falar sobre o tema não apenas dentro dos consultórios médicos, mas especialmente em veículos que atingem um grande número de pessoas, como a Veja Rio (leia mais: Mês mundial da prevenção ao câncer de pele e Marília Gabriela e a importância de falarmos de câncer de pele). Nesta sexta-feira, participei de uma live com a Dra Gabriella Campos, dermatologista especialista pela SBD e PhD em Oncologia pelo INCA, onde pudemos falar bastante sobre um exame muito eficiente para prevenção e diagnóstico: a dermatoscopia digital.
Por incrível que pareça, a maioria das pessoas nunca ouviu falar deste exame, que faz um mapeamento preciso dos sinais na pele e permite um acompanhamento do padrão de comportamento e surgimento destas pintas no paciente ao longo dos anos, comparando os laudos anuais. Como todo exame diagnóstico ele auxilia no acompanhamento e análise, mas o que faz diferença é o laudo feito por médico especializado em oncologia. Trata-se de um exame não invasivo realizado em consultório com um aparelho que permite a ampliação da imagem para observação da estrutura interna e das camadas mais profundas da pele, proporcionando uma avaliação mais detalhada de possíveis alterações.
Como meu conceito de medicina é o da prevenção, costumo recomendar a dermatoscopia como exame complementar de rotina, especialmente em casos de histórico familiar positivo, de pacientes de peles muito claras ou com muito fotossíntese. Existem duas modalidades de dermatoscopia. A Manual amplia em até 10 vezes e permite ver algumas estruturas pela alteração da luz na pele. Já a Digital permite a ampliação da pele em até 140 vezes e um mapeamento do corpo inteiro do paciente por meio da fotografia, em que são apontados os sinais mais relevantes. “Assim, podemos comparar ao longo do tempo o padrão do paciente e apontar as pintas que podem ser um ‘patinho feio’. Pela dermatoscopia podemos identificar que determinada lesão é diferente das demais com alguns aspectos que nos indicam a retirada para biópsia para termos certeza de que a pinta não seja um melanoma ou um carcinoma”, diz dra Gabriella.
Há duas décadas, quando comecei a me especializar em Dermatologia, me incomodava muito o protocolo de excesso de retirada de pintas para biópsia. Para proteger os pacientes, na dúvida, indicávamos a exérese. Hoje, com a tecnologia mais avançada possibilitando uma melhor identificação de estruturas suspeitas, muitas vezes, podemos acompanhar a lesão antes da retirada. No entanto, se a lesão tiver características de malignidade, sempre deve-se retirar o sinal e mandar fazer histopatológico para confirmação.
Não é todo paciente que vai precisar de um dermatologista oncológico. Porém, recomendo que o paciente faça o mapeamento. Nunca é demais lembrar que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de pele corresponde a 27% de todos os tumores malignos no país. Os dados são tão alarmantes que, segundo a The Skin Cancer Foundation, 1 em cada 5 americanos vão desenvolver câncer de pele até os 70 anos e a doença mata duas pessoas por hora no mundo.
O mapeamento dos sinais por meio da tecnologia avançada nos permite indicar a cirurgia e o acompanhamento de um dermatologista oncológico quando estritamente necessário. E se o paciente fez o mapeamento e estiver tudo bem, melhor ainda! Basta ele continuar se prevenindo com muito filtro solar (leia mais: Dezembro laranja) e voltar a fazer o exame com certa periodicidade para acompanhar e preservar a sua saúde.