Neste dia 1º de dezembro o mundo inteiro se une para lembrar a sociedade da importância do combate, das pesquisas científicas e da prevenção ao HIV e também para enfrentar o preconceito e o tabu que ainda existem em torno da doença. Para celebrar a data, esta noite, o Rio, volta a iluminar de vermelho – símbolo da luta contra o HIV – o Cristo Redentor e outros pontos importantes da cidade, como os Arcos da Lapa e o Parque Madureira, numa ação da Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual e da prefeitura do Rio.
A iniciativa faz parte da campanha “Livre é Saber”, que foi lançada hoje no Museu de Arte do Rio, e que visa à conscientização sobre as testagens e a prevenção ao HIV/Aids. “A iluminação de monumentos é uma ação realizada em inúmeras cidades, em todos os continentes. O objetivo desta ação é lembrar que a infecção não pode ser encarada como um tabu. Toda pessoa sexualmente ativa deve realizar a testagem a cada seis meses. Este é um serviço oferecido gratuitamente na rede pública de saúde. Com o resultado em mãos, o cidadão pode realizar o acompanhamento médico que garantirá sua qualidade de vida e cuidar da saúde dos outros. Só desta maneira é possível interromper a cadeia de transmissão pelo vírus”, destaca Carlos Tufvesson, coordenador executivo da Diversidade Sexual.
No Brasil, a data é celebrada desde 1988, um ano depois que a Assembleia Mundial de Saúde fixou o dia 1º de dezembro como o Dia Mundial da Luta contra a Aids. O laço vermelho – símbolo gráfico que representa solidariedade e comprometimento nesta luta – foi criado em 1991 pela Visual Aids, grupo de artistas de Nova York, que queriam homenagear amigos vítimas de Aids.
Segundo o Boletim Epidemiológico de 2020, o Brasil tem 920 mil pessoas soropositivas, sendo a maior concentração de casos entre 25 a 39 anos, com certo equilíbrio no número de homens e mulheres. No mundo, de acordo com dados da UNAids Brasil (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), haviam 37,6 milhões de pessoas vivendo com HIV em 2020. Quase 700 mil pessoas morreram de doenças relacionadas à Aids no ano passado – desde o início da epidemia, nos anos 80, já morreram 34,7 milhões de pessoas. As estatísticas apontam que cerca de 5 mil jovens mulheres entre 15 e 24 anos são infectadas por semana em todo o mundo.
Mitos sobre a doença ainda persistem, e precisam ser combatidos. O primeiro é que não necessariamente uma pessoa que seja HIV positivo tem Aids. A síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids, em inglês) é o estágio mais avançado da doença infectocontagiosa causada pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana, em inglês), que ataca o sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo. Alguns portadores do vírus podem viver anos sem desenvolver a doença. E ainda que não desenvolvam, eles podem transmiti-la, o que significa que a prevenção é fundamental.
O outro mito é que a Aids não mata, mas, sim, propicia doenças oportunistas que podem matar. O que ocorre é que ela provoca um enorme impacto no sistema imunológico, deixando o paciente vulnerável a doenças, como pneumonia, que podem surgir num momento em que o organismo está debilitado.
O uso de preservativos nas relações sexuais é fundamental na prevenção. A transmissão do HIV pode ocorrer no sexo vaginal, anal ou oral; pode acontecer na gestação e na amamentação, de mãe para filho; e também no compartilhamento de instrumentos perfurocortantes contaminados, como seringas, ou na transfusão de sangue contaminado. Beijos, abraços e convívio não transmitem HIV – tabu que ainda precisa ser combatido.
A cura definitiva ainda não existe, mas o tratamento com terapia antirretroviral de alta potência avançou muito nas últimas duas décadas a ponto de transformar a Aids em uma doença crônica e permitindo uma boa qualidade de vida aos pacientes. A luta hoje é também para expandir o acesso à terapia antirretroviral, já que a desigualdade entre os países ainda é um fator complexo no combate e tratamento da Aids, como aponta o relatório, “Agarrar a oportunidade: enfrentando as desigualdades enraizadas para acabar com epidemias”, publicado pela UNAids, em junho. A luta continua.