Com pouco mais de um metro e meio, 40 quilos e pouquinho e duas medalhas olímpicas no peito, Rebeca Andrade é a nova musa e ídolo do Brasil. Com razão, estamos todos encantados pela ginasta que se tornou a primeira mulher a subir o pódio nos Jogos Olímpicos competindo pela ginástica e a primeira atleta do país a ganhar duas medalhas em uma mesma edição das Olimpíadas.
Com sua graça e precisão de movimentos, ela chama atenção para além da performance esportiva – que é brilhante. A começar pela escolha da trilha sonora, criada por Misael Passos Junior, com que competiu no solo. Ao unir os acordes da música clássica, com um trecho de “Tocata e Fuga”, com a batida do funk “Baile de Favela”, Rebeca conseguiu traduzir toda a potência da miscigenação da cultura brasileira. Quem disse que Sebastian Bach não cai bem com Mc João?
Aos 22 anos, Rebeca representa a força da mulher brasileira, que tantas vezes precisa lutar contra adversidades sociais e financeiras e contra preconceito e machismo para alcançar um lugar ao sol. Filha de dona Rosa, que como empregada doméstica também enfrentou o mundo para criar os sete filhos, a ginasta reforça a importância das ações sociais que dão oportunidade a crianças de baixa renda. Mulher, negra, criada na periferia de São Paulo, ela teve sua iniciação na ginástica olímpica em um projeto esportivo da prefeitura de Guarulhos e logo passou a ser chamada de Daianinha de Guarulhos, referência a seu grande ídolo, Daiane dos Santos.
A história de superação das barreiras sociais impostas pela desigualdade no Brasil é inspiradora e nos faz pensar que não se trata apenas de talento, estrela própria e determinação. Desde pequena Rebeca tem como ídolo Daiane dos Santos, e ela não esconde sua inspiração nela. Mais um motivo para aplaudirmos Rebeca, sua humildade e generosidade em reconhecer publicamente o quanto admira outra mulher, o quanto enaltece outra atleta – algo que não é exatamente comum no esporte.
Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra Rebeca aos 10 anos de idade dando uma entrevista grata por estar treinando, em Pinheiros, ao lado de Daiane dos Santos e Laís Souza. Ao comparar a menina ainda sonhadora que aparece na reportagem e a campeã olímpica de hoje, constatamos que o tempo passa e o elo, o respeito e a admiração entre as duas só aumentou. Daiane, agora comentarista esportiva, se emocionou ao testemunhar a medalha de Rebeca: “Agora a gente tem a primeira medalha na ginástica artística com uma negra. Isso é muito forte”.
Até Galvão Bueno, com toda sua experiência ao narrar os momentos mais emocionantes do esporte brasileiro, ficou sem palavras para descrever Rebeca: “Confesso aqui, para milhões de brasileiros que assistem a gente, que me faltam palavras para definir exatamente o que é Rebeca Andrade. (…) Menina, você é um exemplo. (…) A sua doçura, o seu encanto, a sua paz. Que possa servir de exemplo para muita e muita gente. Só me vem numa frase: Rebeca, o Brasil te ama”.
Rebeca é hoje inspiração para milhares de meninas em todo o país. Seu sorriso, sua graça e sua beleza encantaram os brasileiros. Seu talento e sua garra nos fizeram parar em meio à pandemia para aplaudir de pé. E além de linda e ginasta incrível, ela ainda canta bem (veja aqui) e toca piano. Galvão tem razão: Rebeca, o Brasil te ama. E a pele? Perfeita. Babei!