Com o boom das selfies, dos filtros de redes sociais e das reuniões de Zoom, o nariz ganhou protagonismo na autoimagem, já que o rosto fica sempre em primeiro plano. Segundo dados do Google Trends, na pandemia, as buscas por rinoplastia, a cirurgia corretiva de nariz, aumentaram em 4.800% (!!!), acredite se quiser. Ano passado, pela primeira vez, a rinoplastia liderou o ranking da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica. A decisão, porém, de fazer uma cirurgia envolve riscos e expectativas, já que o resultado, bom ou não, é definitivo. O que muita gente não conhece é que existe um procedimento não-cirúrgico eficiente que corrige imperfeições de nariz: a rinomodelação. É menos dolorido e com custo mais acessível. Convidei o dermatologista Fabiano Magacho, referência na formação de profissionais em rinoplastia não-cirúrgica com ácido hialurônico, com quem estive há menos de 1 mês em mais uma atualização, para esclarecermos tudo sobre o tema:
1. O que é a rinomdelação? É o termo que acabou sendo usado popularmente no Brasil para descrever as intervenções com fins estéticos e reparadores no nariz com o implante de materiais preenchedores, como o ácido hialurônico.
2. Quais as principais queixas que a técnica pode corrigir? As que têm melhor indicação são aquelas que afetam a visão de perfil, como as irregularidades no dorso ( aquele ossinho q incomoda ) e a queda na ponta do nariz. Na visão frontal, pontos de luz podem ser feitos para “disfarçar” a atenção do observador de algumas características que incomodam o paciente, como a largura do dorso ou da ponta nasal. Queixas como a largura da base ou das asas do nariz, usualmente, não tem resposta interessante.
3. Como é o procedimento? É feito através de pequenas incisões na pele, usando agulhas ou micro-cânulas (agulhas com a ponta romba) para depositar o preenchedor no local e na profundidade planejados pelo médico de acordo com as características dos pacientes. Dependendo de onde forem feitas essas intervenções, pode ser usada uma anestesia local. O procedimento usualmente leva cerca de 40 minutos e o paciente está liberado imediatamente para retornar às suas atividades normais.
4. Quais as substâncias mais seguras para este procedimento? Embora diversos materiais tenham sido usados no nariz ao longo da história (incluindo até cera de parafina), hoje os implantes mais utilizados são os à base de ácido hialurônico por conta da segurança e da possibilidade de reversão quase imediata do resultado, caso necessário. A duração costuma ser de 12 a 18 meses. A manutenção é feita, usualmente, dentro desse período, quando o paciente começa a se incomodar novamente.
5. Quais os cuidados do pós-procedimento? O paciente está liberado imediatamente para retornar às suas atividades normais, com poucas restrições. Hematomas ou equimoses são raros, embora um pouco de edema seja esperado. Pode ou não ser usado um curativo com fita micropore. Normalmente não são necessários medicamentos para dor ou antibióticos.
6. Quais os riscos e contraindicações? As contraindicações são as mesmas que as dos preenchimentos faciais em geral. Também evita-se o procedimento em pacientes que apresentam fibrose importante na região nasal, como aqueles que passaram por acidentes. E atenção redobrada aos que já fizeram rinoplastia ( cirurgia plástica de nariz ). Os riscos são associados à técnica de injeção do implante. O nariz é uma região extremamente vascularizada e particularmente sujeita à obstrução de vasos sanguíneos quando da injeção do produto. Ainda, pela relação importante dos vasos com a vascularização ocular, existe o risco de cegueira, em situações mais graves. É possível buscar manobras e técnicas de implante específicas para minimizar esses riscos. Estes, entretanto, são específicos para o nariz e não seguem as mesmas “regras” dos demais preenchimentos faciais, o que exige do médico treinamento específico no tratamento do nariz.
7. A rinomodelação substitui uma rinoplastia cirúrgica? A rinomodelação não substitui a cirurgia plástica. Em alguns casos bem indicados, pode levar a resultados tão satisfatórios quanto a cirurgia, mas com a duração limitada. Na maioria das vezes, é indicada em pacientes que não podem ou não desejam submeter-se à cirurgia. Pequenos reparos, antes ou depois de uma cirurgia convencional são algumas das indicações mais satisfatórias.
8. Aliás, muitos pacientes confundem rinomodelação com rinoplastia? Hoje os pacientes já entendem bem a diferença e até as limitações entre a rinoplastia cirúrgica e a rinomodelação. O procedimento cirúrgico ainda traz consigo alguns receios em relação ao custo, pós-operatório e resultados inestéticos ou “artificiais”. A rinomodelação não é, de forma alguma, isenta de riscos (especialmente quando realizada por profissionais que não são plenamente capacitados), além de ter o caráter temporário, mas apresenta custo e pós-procedimento mais acessíveis, e da possibilidade de reversão imediata do resultado.
9. Quais os profissionais aptos a fazer o procedimento? Devido à complexidade e especificidade da região, o ideal é buscar um médico capacitado no procedimento. Mesmo os que já realizam preenchimento facial devem passar por um treinamento específico para o tratamento do nariz. Então, é interessante que o paciente busque informações não só sobre a formação profissional (dermatologia, cirurgia plástica, medicina estética sendo as mais frequentes), mas também se ele tem treinamento e expertise no tratamento do nariz.
10. É comum os pacientes usarem fotos de celebridade como referência? As fotos ajudam na comunicação entre médico e paciente, mas podem ser “perigosas”. Permitem entender mais facilmente o que o paciente busca. Mas isso só é válido se esse entender que a foto é apenas uma maneira de expressar sua visão e que o nariz dele muito provavelmente não vai ficar igual ao da celebridade. Hoje existem alguns softwares e aplicativos que ajudam a simular um possível resultado.
Concluindo. A Rinomodelação é uma grande aliada no embelezamento da face com pequenas correções. Nas grandes correções a cirurgia ainda é a melhor indicação.
Por isso alinhar expectativas dos pacientes com o que podemos conquistar nos resultados é fundamental para o sucesso do tratamento.
A escolha do ácido hialurônico utilizado também faz muita diferença tanto no resultado quanto na reversão de possíveis complicações.
Atualmente,o ultrassom dermatológico vem se mostrando uma importante ferramenta de auxílio aos médicos injetores.