Se você anda sentindo dores na cervical e no pescoço com mais frequência, preste mais atenção no tempo que está passando no celular. Na pandemia, o hábito de olhar para a tela do smartphone está mais intenso porque o aparelho ganhou novas funções na nossa vida. Através dele, passamos a ter o contato social com os amigos e a família, o espaço de reuniões de trabalho, a academia online e também o entretenimento, com milhares de filmes e séries de todos os aplicativos de streaming ao nosso alcance. A postura de olhar para baixo diante das telas, que tem consequências ortopédicas e de aceleração do aparecimento de rugas e de papada, ganhou até nome específico: tech neck (pescoço tecnológico).
O excesso de telas atropelou o cotidiano nos últimos 15 meses. Inclinar a cabeça para baixo num ângulo de 45 graus por muitas horas ao longo do dia, como se costuma fazer diante do smartphone, equivale a um impacto de 22 kg sobre os ombros. Segundo uma pesquisa da Universidade de Chung-Ang, na Coreia do Sul, mulheres a partir dos 29 anos já apresentam vincos no pescoço enquanto normalmente seria depois dos 40. Nos consultórios, já estamos observando esta o surgimento precoce de rugas na região e aumento da flacidez na região da papada.
Normalmente, o pescoço já ganha pouca atenção na rotina de cuidados. E é uma das regiões mais expostas. Mesmo as pessoas mais disciplinadas, muitas vezes se esquecem de usar filtro solar, prevenir rugas e tratar a área. Porém, o surgimento cada vez mais cedo de rugas no pescoço, que são chamadas de Colares de Vênus, é uma questão que vem ganhando protagonismo na indústria da beleza nos últimos anos em função da postura relacionada ao uso excessivo de celular. Marcas como Shiseido, Sisley e U.SK apostaram em lançamentos nos últimos anos específicos para tratar o pescoço. E isso só tende a aumentar nas próximas gerações, uma vez que observamos o tech nech na infância, com crianças acessando diariamente tablets e smartphones.
As características da pele da região contribuem para a formação de vincos e rugas. Praticamente sem glândulas sebáceas, a pele é muito fina, com espessura próxima de dois milímetros. Pela própria dinâmica de mobilidade do pescoço, há grande movimentação natural e o uso excessivo de telas pode gerar um estresse mecânico. Por conta da posição inclinada da cabeça, as pessoas também começam a acumular gordura embaixo do queixo e nas laterais da mandíbula, favorecendo a chamada papada. E se não há como fugir da nossa nova realidade virtual, como podemos prevenir o envelhecimento precoce da área?
COLUNA RETA: O primeiro passo é se conscientizar da postura durante o uso destes aparelhos, procurando manter a coluna o mais ereta possível. Tente levar o celular à altura dos olhos, e não o contrário. Quanto estiver deitado, evite apoiar o aparelho na barriga ou no busto. O uso de tripés para ver séries e fazer reuniões ajuda bastante.
PROTEÇÃO SOLAR: O uso diário de filtro solar deve ser feito também no pescoço. No dia a dia, dê preferência a cremes hidratantes e antioxidantes com filtro solar, assim você trata e protege ao mesmo tempo. Se estiver diretamente exposto ao sol, em um dia de praia, por exemplo, reaplique a cada duas horas.
CUIDADOS DIÁRIOS: É preciso limpar com sabonetes neutros, hidratar e tratar a pele da região com sérum tensor e antioxidantes todos os dias. E os movimentos da aplicação devem ser de baixo para cima. Para quem já faz a limpeza do rosto, vale aplicar a mesma loção ou sabonete específico na área também, com exceção de pacientes com acne e pele oleosa que devem ter um tratamento diferente para o pescoço. Procure seu dermatologista para desenvolver uma rotina diária de cuidados.
TRATAMENTOS CLÍNICOS: A tecnologia é aliada no tratamento do envelhecimento precoce e papada da região com procedimentos como ultrassom microfocado, radiofrequência microagulhada, lasers, bioestimuladores de colágeno, toxina botulínica, aplicação de ácido hialurônico na forma de skinbooster e fios de PDO. Para melhores resultados a associação de técnicas faz muita diferença. Quando o assunto é pescoço, o estímulo de colágeno e a reconexão tecidual devem ser constantes.