Estamos no Agosto Dourado, mês dedicado à conscientização sobre os benefícios do aleitamento materno, que é considerado uma verdadeira preciosidade para a Organização Mundial de Saúde (OMS) por suas propriedades nutritivas. Mas, sobretudo a amamentação desempenha um papel extremamente importante: reforça o vínculo do binômio mãe-bebê, promovendo o acolhimento através do contato pele a pele, da escuta e no cheiro dos pais, oferecendo segurança no colo materno.
O laço entre mãe e filho é reforçado através do contato físico e do olhar. Durante esse momento, o toque e a sucção liberam o hormônio da ocitocina, mais conhecido como o fator do amor. A ocitocina, por sua vez, também é responsável por liberar o leite materno e encantar ainda mais mãe e bebê. Há estudos de Oxford, inclusive que comprovam a associação do hormônio com a melhora na cooperação e confiança nos relacionamentos.
Por outro lado, de longe, o leite materno é o melhor e mais completo alimento para a primeira fase da infância, auxiliando diretamente na saúde e no desenvolvimento dos bebês. Entre os benefícios do aleitamento materno estão: redução nos riscos de obesidade, diarreia, diabetes, infecções respiratórias, hipertensão, colesterol alto e fortalecimento do sistema imunológico. É importante ressaltar que quando a amamentação é realizada imediatamente após o nascimento do recém-nascido, contribui para a diminuição da mortalidade neonatal, que ocorre até o 28º dia de vida.
Além de ser totalmente benéfico para os bebês, o ato de amamentar ainda reduz as possibilidades de câncer de útero e de mama nas mulheres. Durante a amamentação, ocorre a eliminação e renovação de células que poderiam ter lesões no material genético, favorecendo o organismo e combatendo as chances de câncer de mama na mãe. E quanto maior é o tempo de amamentação, mais reforçada é a proteção para a mulher. O estímulo do estrogênio é um dos fatores que contribui para o câncer de mama. Na amamentação, suas taxas são reduzidas, assim como de outros hormônios que reforçam o desenvolvimento do tumor.
Mas afinal, se o leite materno é tão poderoso e este tipo de amamentação deveria ser a primeira opção para as mães, por que ainda precisamos discutir esse tema? Por mais que os benefícios do aleitamento sejam enriquecedores tanto para mãe, quanto para o filho, o número de crianças que são amamentadas no seio ainda é baixo. E com uma cultura que cada vez mais oferece as fórmulas como solução – que não possuem os mesmos benefícios e nutrientes do leite materno – o aleitamento passa a ser ainda mais baixo. A meta da OMS para 2030 é ter uma cobertura de aleitamento materno em 70% na primeira hora de vida, 70% nos primeiros seis meses, de forma exclusiva; 80% no primeiro ano e 60% aos dois anos de vida.
De acordo com o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI), da UFRJ, uma em cada cinco mães brasileiras, amamentou o filho de outra pessoa ou deixou seu filho ser amamentado por outra mulher. Esta prática, que por muitas vezes é comum, não é recomendada, por conta do risco de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (IST). A pesquisa também revela que a doação para bancos de leite humano, é relativamente baixa: apenas 4,8% das mães de crianças com menos de dois anos de idade aderiram à prática. Amamentar outra criança é extremamente perigoso e não saudável, mas doar seu leite materno pode ajudar e salvar muitas vidas. Se você é mãe e está com leite sobrando, que tal fazer essa doação? Basta estar em dia com a saúde e livre de medicamentos que podem interferir na amamentação. Estando tudo ok, procure orientações do pediatra sobre como deve ser feita a coleta e o armazenamento do leite materno, assim como a doação.